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Matérias / Brasil

A história do Brasil nos leques da corte

Em exposição na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, eles impressionam ao estampar os monarcas do acessório contra o calor

Paulo Rezzutti, historiador Publicado em 09/12/2022, às 18h00

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Leques expostos apresentam parte de memória cultural brasileira - Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
Leques expostos apresentam parte de memória cultural brasileira - Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

Segundo os registros mais antigos, o leque teria surgido aproximadamente em 3000 a.C. na China, de onde chegou ao Japão. Os faraós no Egito também o usaram, assim como os assírios e os etruscos. Os primeiros leques eram de plumas; os de marfim só surgiriam no século 10 a.C.

A sua criação inicialmente tinha o objetivo de auxiliar a dissipar a sensação provocada pelo calor, mas logo o leque tornou-se um elemento de distinção de classe. No Oriente, chegou a ser usado até para afastar o povo do soberano quando este saía a passeio.

Na Grécia, um esposo, para se desculpar, tinha que abanar a sua esposa durante o seu sono. Em Roma, o leque era conhecido como flabelum, e as senhoras romanas tinham escravos encarregados de abaná-las, os flabeliferos.

Aqui na América, o objeto de abano já era conhecido entre os astecas e os incas. Quando os primeiros europeus chegaram, em 1519, Montezumaofereceu seis leques para Fernando Cortez. Além de dissipar o calor, eles eram usados também, assim como as flores, para transmitirem código. Os modos de manejá-los, por homens e mulheres, podiam passar mensagens inteiras sem que trocassem uma única palavra.

Leques comemorativos

A coleção de leques da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano encaixa-se na categoria de “leques comemorativos”. A ideia de se perpetuar acontecimentos notáveis nos leques surgiu na França, no século XVII. Os leques históricos chegaram no Brasil com a Corte Portuguesa, em 1808.

Leques expostos apresentam parte de memória cultural brasileira / Crédito: Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

O decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas, assinado em Salvador, em 28 de janeiro de 1808, abriu os portos do Brasil para o comércio com o restante do mundo, acabando com o Pacto Colonial entre a metrópole, Portugal, e o Brasil Colônia.

Novos produtos passaram a ser exportados diretamente para o Brasil do restante do mundo, e novas casas comerciais foram instaladas, principalmente no Rio de Janeiro, sede do governo de Portugal de 1808 até 1821.

Os leques com motivos históricos passaram a ser encomendados nas chamadas “Casas da Índia”, localizadas na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro. A encomenda seguia para a China, principalmente para o Cantão, onde eles eram produzidos.

Leque com imagem de Dom Pedro / Crédito: Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

Junto com o pedido, os chineses recebiam o desenho com os motivos e as imagens que os leques deveriam ter. Muitas vezes, um mesmo evento poderia ter três ou mais versões diferentes, e essas versões podiam ter variações, como a cor do fundo, inscrições e outros elementos inseridos pelo artista.

Por serem feitos de maneira artesanal, a sua produção era limitada, raramente chegando às centenas. Esse fato, aliado ao material frágil utilizado na sua confecção, fez com que poucos exemplares chegassem aos dias atuais, o que transforma a coleção da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano numa das mais expressivas tanto no Brasil quanto em Portugal.

Serviço:

Exposição Mensagens que o vento leva: a história do Brasil nos leques da fundação Maria Luísa e Oscar Americano
Curadoria de Paulo Rezzutti
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: De terça a domingo, das 10h às 17h30.
VALOR DO INGRESSO: R$ 20,00
(Estudantes e maiores de 60 anos: R$ 10,00)
* Todos os sábados a entrada é gratuita.
Aceitamos somente cartões de débito.
ENDEREÇO: Av. Morumbi, 4077. CEP 05650-000 – São Paulo - SP - Brasil
Tel (11) 3742-0077 Fax (11) 3746-6941
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