Ex-militar fundou a ideia moderna de uma vasta rede para criar uma Nova Ordem Mundial – e terminou morto pela polícia
Thiago Lincolins Publicado em 05/07/2019, às 08h00
Em 1991, era fundada a teoria da conspiração moderna. Nesse ano, foi publicado nos EUA o livro Behold a Pale Horse (referência a Apocalipse 6:2: “E olhei, e eis um cavalo branco”). Na obra, o veterano do Vietnã Milton William Cooper dissertou sobre conspirações entre o governo dos EUA com aliens, através da ultrassecreta organização dos Iluminatti, uma suposta camarilha que estabeleceu um governo mundial em segredo.
Cooper afirmava ter servido à Marinha e à Força Aérea dos EUA e, funções de inteligência - assim teria descoberto sobre tais conspirações. Contudo, os registros do governo negam tais atribuições. Consta apenas que atuou como suboficial de segunda classe na Marinha. Não teria como ter visto nada realmente comprometedor. Após ser liberado em 1975, ele estudou numa faculdade da Califórnia e trabalhou em escolas técnicas.
O seu lado conspiratório aflorou de fato em 1988. Milton trouxe à tona convicções antigas que articulavam sobre o envolvimento do governo dos EUA com extraterrestres, parte central de sua megaconspiração mundial.
"São informações muito perturbadoras e eu não espero que ninguém acredite nelas. Não espero que alguém aqui acredite no que eu falo. Eu sabia disso quando vim aqui. Não sou um de vocês. Não sou um ufólogo, não sou um pesquisador. Tenho a obrigação de informar ao público e, enquanto fizer isso, terei feito meu trabalho.", disse Milton durante aparição em um evento, ao ouvir que as suas informações não tinham fundamento.
Com Behold a Pale Horse, o autor elaborou uma obra na qual registrou as suas alegações. De acordo com o livro, a AIDS, por exemplo, teria sido criada no Arizona pelo governo, numa tentativa de assassinar milhares de negros, hispânicos e homossexuais. “Foi decidido pela elite que, uma vez que a população deve ser reduzida e controlada, seria do melhor interesse da raça humana se livrar dos elementos indesejáveis da nossa sociedade." A teoria ganhou tanta força que, nos anos 2000, Manto Tshabalala-Msimang, ministra da Saúde na África do Sul distribuiu cópias do polêmico capítulo a funcionários do governo - foi duramente criticada. Mas não acabou aí.
Cooper também incluiu os Illuminati em suas conspirações. Dwight Eisenhower, presidente entre 1953 e 1961, por meio de um círculo interno Illuminati, teria negociado um acordo com os extraterrestres em 1954.
Assim os alienígenas poderiam dominar os humanos por meio de sociedades secretas, feitiçaria e ocultismo. Ainda acreditava que além dos Illuminati criarem conspirações alienígenas para o próprio benefício, também conspiravam com estes seres para dominar o mundo. No entanto, a teoria mais anormal foi sobre a morte de John F Kennedy.
O livro afirma que Kennedy teria sido assassinado, pois estava prestes a revelar que o plano de dominação mundial dos aliens, estava em prática. A alegação teve como base um suposto vídeo secreto, no qual prova que o motorista teria atacado o presidente com um dispositivo de pressão a gás desenvolvido por extraterrestres.
Hoje, sabe-se que o vídeo é uma montagem. Foi feito com cenas de uma gravação realizada pelo norte-americano Abraham Zapruder com a sua câmera profissional, enquanto kennedy desfilava no trágico dia de sua morte.
No fim da vida, Cooper se envolveu no movimento das milícias, grupos armados que se isolam no interior para resistir à grande ação que tinham como objetivo implementar o governo mundial. Em julho de 1998, ao receber um mandado de prisão por sonegação fiscal, não se entregou aos policiais.
A saga se estendeu até 2001, quando numa nova tentativa de prisão - dessa vez devido a ameaças feitas com uma arma, durante conflitos com vizinhos -, Cooper se envolveu numa troca de tiros com os policiais. Ao atirar na cabeça de um deles, foi atingido por vários disparos e veio a óbito.
