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Matérias / Magnus Hirschfeld

Magnus Hirschfeld: o médico gay e judeu que fez estudos sobre diversidade sexual na Alemanha Nazista

Magnus Hirschfeld foi um dos pioneiros na Alemanha em estudos sobre a diversidade sexual

Éric Moreira Publicado em 28/08/2022, às 10h00

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Magnus Hirschfeld, médico gay e judeu que desenvolveu pesquisas em torno da diversidade sexual humana - Foto por Wellcome Images pelo Wikimedia Commons
Magnus Hirschfeld, médico gay e judeu que desenvolveu pesquisas em torno da diversidade sexual humana - Foto por Wellcome Images pelo Wikimedia Commons

O médico e sexólogo alemão Magnus Hirschfeld, nascido na Prússia em 1868, foi um dos pioneiros em pesquisas em torno da diversidade sexual humana, sendo um dos principais idealizadores da cirurgia de redesignação de gênero.

Judeu e homossexual, ele foi um grande alvo do regime nazista, sob comando de Adolf Hitler, mas em momento algum pensou em abandonar sua carreira ou seus trabalhos.

Hirschfeld acreditava que um maior entendimento científico sobre questões relacionadas à sexualidade humana poderiam promover uma maior tolerância às diversidades, o que ia muito de encontro com os princípios nazistas que cresciam na época. Inclusive, enquanto o poder de Hitler se inflava, ele acabou eventualmente deixando a Alemanha, temendo ser perseguido.

Em 1897, Magnus Hirschfeld fundou o Comitê Científico Humanitário, grupo cujo objetivo era principalmente lutar pelos direitos dos homossexuais e contra o 'Parágrafo 175', que criminalizava a homossexualidade na Alemanha na época.

Além disso, nesse mesmo período ele também publicou um panfleto, anonimamente, em que abordava a homossexualidade de forma geral, tanto a masculina quanto a feminina.

Fotografia de Magnus Hirschfeld
Fotografia de Magnus Hirschfeld / Crédito: Foto por Max Reiss pelo Wikimedia Commons

Pesquisas e ataques

Nos anos seguintes à fundação do Comitê Científico Humanitário, por sua vez, Magnus Hirschfeld liderou diversos estudos importantes sobre variantes da sexualidade, com um olhar científico.

Ele chegou até mesmo a acompanhar de perto algumas das primeiras cirurgias de redesignação sexual, o que é um dos grandes marcos da medicina até os dias de hoje.

Em 1919, então, o médico alemão abriu o primeiro instituto de sexologia do mundo, na cidade de Berlim. No entanto, nessa época o nazismo era um movimento que já estava tomando cada vez mais força, de forma que, em 1920, Hirschfeld foi atacado por membros do partido, como informado pela History.

Conforme os anos corriam, e o nazismo ficava cada vez mais forte na Alemanha — de forma que em 1933 que teve início oficialmente o Terceiro Reich, período em que o regime nazista era vigente —, as perseguições a seu trabalho aumentavam cada vez mais. Magnus teve até mesmo algumas palestras interrompidas por seguidores de Hitler.

Então, em 1928 o médico judeu fundou a Liga Mundial para a Reforma Sexual, como forma de resistência às repressões sofridas. A entidade tinha como objetivo promover discussões em diferentes lugares do mundo, mas em 1932, depois de uma viagem internacional em que tentava difundir os ideais do grupo, ele foi impedido de regressar à Alemanha.

Fotografia de conferência sobre reforma sexual com alguns representantes mundiais; Magnus Hirschfeld é o segundo, da esquerda para a direita
Fotografia de conferência da Liga Mundial para a Reforma Sexual; Magnus Hirschfeld é o segundo, da esquerda para a direita / Crédito: Foto por Wellcome Images pelo Wikimedia Commons

Por fim, o último e impactante ataque dos nazistas a todo o trabalho e pesquisas de Hirschfeld se deu em 1933, depois da instauração oficial do regime nazista na Alemanha. Naquele ano, militares invadiram o instituto de sexologia que ele havia fundado, e destruíram muitas das coisas que haviam dentro.

Além dos livros de sua biblioteca terem sido queimados, muitos dos pacientes de Hirschfeld foram levados diretamente à campos de concentração. O médico, por sua vez, veio a falecer em 1935, vítima de um infarto, já na cidade de Nice, na França.