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Matérias / Messi

Messi: O gigante do futebol que superou um problema de crescimento

Deficiência hormonal foi um dos adversários mais implacáveis de Lionel Messi; problema quase o tirou do futebol

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 15/12/2022, às 18h00

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O craque argentino Lionel Messi - Getty Images
O craque argentino Lionel Messi - Getty Images

Acostumado a grandes conquistas e em ser decisivo, o craque argentino Lionel Messi poderá viver uma emoção inédita no próximo domingo, 18, caso consiga levar a Argentina ao título da Copa do Mundo FIFA Qatar 2022. O jogo acontece ao meio-dia, horário de Brasília, no Lusail Stadium

Para isso, o camisa 10 albiceleste terá que superar dois duríssimos adversários: o primeiro deles, e mais óbvio, é a seleção francesa, atual campeã mundial e que conta com grandes nomes, como a jovem estrela Kylian Mbappé

O segundo é o trauma da Copa do Mundo de 2014, quando os argentinos também foram finalistas, mas acabaram derrotados para os alemães, que venceram por 1x0 já na prorrogação. 

Messi atuando na Copa do Mundo 2022/ Créditos: Getty Images / Lionel Messi

Caso saia vitorioso, Messi marcará ainda mais seu nome na história do futebol e dividirá um lugar importante ao lado de Don Diego Armando Maradona nos corações dos hermanos.

Entretanto, o que muitos não sabem é que Messi quase não virou jogador de futebol. Para brilhar, ele teve que driblar um dos mais implacáveis rivais: sua própria genética.

O nascimento de ‘La Pulga’

Lionel Messi deu seus primeiros chutes numa bola de futebol ainda quando tinha 5 anos de idade, em meados dos anos 1990. Na época, recorda matéria do O Globo, ele foi chamado para completar um dos times em um treino para crianças em Rosário, cidade argentina.

A atividade era comandada pelo técnico Salvador Aparício e pelo assistente Oscar López. Messi só jogou, pois seu irmão mais velho, Rodrigo, tido como um dos craques do local, teve de se ausentar. Como o pequeno Lionel não tinha idade suficiente, os treinadores tiveram que pedir permissão para sua avó, Célia

Messi durante sua infância/ Crédito: Reprodução

"Ele começou tímido. Não jogava e ficava mexendo numas pedras no chão. Até que a bola caiu em seus pés. Aí, parecia que tinha jogado a vida toda. No primeiro treino, fez até um gol", recorda Lopez em entrevista ao O Globo em 2009. 

Eu e Aparício só tivemos a sorte de estar ali. A habilidade nasceu com Messi. A bola estava sempre presa com ele”, disse. 

Segundo os vizinhos de Messi, o garoto costumava brincar chutando uma bola de tênis na rua. Àquela época, aliás, o craque argentino já mostrava destreza para conduzir a pelota com as duas pernas. 

No mesmo período, Salvador, falecido em 2008, apelidou o jovem de ‘La Pulga’, devido ao fato de Lionel ser baixinho. O que ninguém sabia, porém, é que o futuro craque argentino sofria de uma deficiência de produção hormonal, o que atrasava seu crescimento e, consequentemente, poderia comprometer seu futuro no futebol. 

O tratamento dolorido

Para se ter uma ideia, aos 9 anos de idade, Messi passou a atuar nas categorias de base do tradicional Newell´s Old Boys, de Rosário. Nessa época, o camisa 10 media apenas 1,27 metros. Por isso, acabou sendo encaminhado para um endocrinologista. 

"Ele chegou dizendo que a única coisa que queria era ter altura para jogar futebol", disse o médico Diego Schwarzstein à AFP, em 2014. "E eu dizia para ele 'fica tranquilo, um dia você vai ser mais alto que o Maradona, não sei se vai ser melhor que ele, mas será mais alto”.

Schwarzstein já era acostumado a receber jogadores do Newell’s com problemas hormonais, mas o caso de Messi era especial. Desde sempre, Lionel era tratado com muito cuidado, principalmente por conta das recomendações do clube, que dizia que ele era "um garoto que é o melhor que temos entre uns mil iniciantes de todas as divisões inferiores, mas é bem baixinho".

Messi durante sua infância, com o uniforme do Newell's/ Crédito: Reprodução

Acontece que o fato de Messi ser “baixinho” estava atrelado a um déficit de produção hormonal que atinge cerca de uma pessoa a cada 20 mil. E isso só foi descoberto após uma série de análises. 

Um garoto com esse problema cresce menos do que deveria, mas é impossível saber quanto ele mediria se não fosse tratado. O que se sabe é que ele não iria atingir o tamanho que deveria ter por causa de sua genética”, apontou o médico. 

Para driblar esse problema, Lionel foi submetido a um tratamento para a aplicação do hormônio do crescimento, o que deveria ser feito até ele completar 16 anos. Sendo assim, o craque argentino teve de tomar cerca de 2 mil aplicações das injeções nas pernas. 

Conforme aponta O Globo, as injeções eram feitas de forma alternada, cada noite em uma perna diferente. O tratamento não era só doloroso como muito caro, na casa dos mil dólares. 

Ajuda catalã

Até meados de 2000 e 2001, a siderúrgica onde o pai de Messi trabalhava ajudava com parte dos gastos, mas uma crise econômica tornou esse auxílio inviável. A incerteza passou a fazer parte do futuro do atleta. 

O endocrinologista recorda que, caso o tratamento fosse cessado, a eficácia das injeções de hormônio não seriam mais certeiras. "Naquele momento, Leo tinha a incerteza, a angústia da possibilidade de ter que interromper o tratamento”.

O clube também alegou que não conseguiria bancar o tratamento. Mas tudo mudou após dois olheiros procurarem o técnico Carles Rexach, do Barcelona. Com um teste arranjado no time catalão, Messi passou por uma peneira no dia 17 de setembro de 2000, quando tinha apenas 13 anos. 

Messi com a camisa do Barcelona/ Crédito: Getty Images

Em janeiro do ano seguinte, o Barcelona ofereceu um acordo ao jovem, ofertando um emprego ao seu pai e também arcando com os custos das injeções. Àquela altura, Messi já havia passado por 70% do processo hormonal. 

Lionel Messi possui 1,69 metro de altura, sendo apenas quatro centímetros maior que Maradona. Já dentro de campo, o camisa 10 luta para ser um dos maiores atletas a desfilar seu talento pelo planeta bola. Caso vença a Copa, no próximo domingo, 18, se igualará em número de títulos mundiais com El Pibe de Oro.