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Matérias / Personagem

O brasileiro por trás da invenção do Bina, o famoso identificador de chamadas

Lutando para ter o identificador de chamadas reconhecido, o homem revolucionou a indústria telefônica

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 02/03/2023, às 17h53 - Atualizado em 16/11/2023, às 15h10

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Montagem sobrepõe Bina em bandeira do Brasil - Divulgação / Amazon / Domínio Público
Montagem sobrepõe Bina em bandeira do Brasil - Divulgação / Amazon / Domínio Público

Identificar uma chamada telefônica hoje possibilita a automatização de sua agenda — mas, muito antes de os aparelhos celulares caberem em um bolso, tal possibilidade chegou como uma novidade de luxo, ainda nos telefones fixos.

Na década de 1990, um aparelho dedicado a transcrever os dados cabeados em um visor, de maneira a identificar o telefone que fazia a chamada para o número local, popularizou-se nacionalmente com o nome de Bina.

A criação delicada recebeu o título baseado em sua sigla, “binary identifier number address”, que em tradução livre do inglês significa “identificador binário de endereço numérico". O que poucos sabem, no entanto, é que a criação, apesar do nome estrangeiro, foi patenteada no Brasil, no ano de 1992.

Antes do padrão brasileiro com visor, o mais antigo identificador de chamadas do mundo é atribuído ao pesquisador grego George Paraskevakos, como informa o portal TecMundo. Mesmo assim, a criação do brasileiro Nélio José Nicolai se assemelha ainda mais com os identificadores automáticos que conhecemos hoje.

A confirmação do registro se deu cinco anos após a entrada dos documentos no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial, órgão ligado ao Governo), em 1997, quando Nicolai recebeu a carta de registro (PI9202624-9).

Reconhecimento em vão

Apesar da criação marcante, há quem conteste sua autoria pela semelhança com outras registradas mundo afora. Contudo, a criação, no início dos anos 1990, não previa o advento dos celulares, que integraram a tecnologia em seus sistemas.

Por tal fato, o brasileiro lutava na Justiça pela autoria total da criação no Brasil, de maneira a receber royalties de operadoras móveis ao embutir o serviço da Bina nos telefones celulares vendidos em território nacional, protagonizando uma polêmica ação que chegou a suspender os efeitos de sua patente em 2003.

No ano de 2013, ele concedeu uma entrevista à AFP, afirmando que as operadoras sequer cooperaram com as tentativas de contato, chegando a relatar um episódio rude ao ser atendido:  “Uma das empresas me disse: ‘vá à Justiça, talvez seus bisnetos recebam algo’. Então eu decidi defender os direitos dos meus bisnetos”, afirmou.

Em 11 de outubro de 2017, Nélio faleceu aos 77 anos, com a família informando o ocorrido à imprensa dois dias depois, acrescentando que a morte se deu em decorrência de complicações pulmonares adquiridas após um AVC que o criador sofreu 5 meses antes, com o processo ainda correndo na justiça. A revista Piauí estimou, em 2012, que sua reivindicação contra a indústria telefônica ultrapassava impressionantes R$ 182 bilhões a receber.