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Matérias / Arqueologia

O esqueleto de 3.700 anos do Egito que foi encontrado com um feto

Descoberto em 2018, esqueleto pertenceu a mulher que morreu aos 25 anos

Éric Moreira Publicado em 26/03/2023, às 11h00 - Atualizado em 01/04/2023, às 13h35

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Imagens do esqueleto da mulher e do feto encontrados no Egito - Divulgação/Ministério de Antiguidades do Egito
Imagens do esqueleto da mulher e do feto encontrados no Egito - Divulgação/Ministério de Antiguidades do Egito

No ano de 2018, uma equipe de arqueólogos localizou no Egito o esqueleto de uma jovem mulher — de aproximadamente 25 anos, conforme indicam os estudiosos — que teria vivido há cerca de 3.700 anos atrás. No entanto, uma peculiaridade nos restos mortais encontrados chamou bastante atenção: além da mulher, havia também os restos de um bebê.

Conforme relatado pelo O Globo em notícia da época, os arqueólogos informaram que a mulher estaria nas últimas semanas de gravidez quando faleceu, tendo sido enterrada com o feto ainda dentro de seu corpo. O pequeno esqueleto, por sua vez, foi achado com a cabeça voltada para baixo, em direção à pélvis da mãe — posição comum ao terceiro trimestre da gestação —, o que sugere que ela pode ter morrido logo após o início de seu trabalho de parto, conforme disse o disse o Ministério de Antiguidades do Egito em comunicado.

Restos mortais de mulher encontrada no Egito com esqueleto de feto junto ao corpo
Restos mortais de mulher encontrada no Egito com esqueleto de feto junto ao corpo / Crédito: Divulgação/Ministério de Antiguidades do Egito

Os restos mortais da mulher com o bebê, todavia, foram encontrados e identificados por uma equipe internacional de especialistas na Universidade de Yale, dos Estados Unidos, em trabalho conjuntocom a Universidade de Bolonha, da Itália. Os achados ocorreram em um antigo cemitério do sítio arqueológico de Kom Ombo, na cidade Aswan, localizada no sul do Egito, a cerca de 850 quilômetros do Cairo.

Cemitério

Vale acrescentar, também, que foi constatado por arqueólogos que aquele cemitério foi usado entre 1750 a.C. e 1550 a.C., principalmente por povos nômades que viajavam em direção ao norte da Núbia, segundo o secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, Mostafa Waziri

A Núbia, por sua vez, é uma região situada bem no vale do rio Nilo, sendo hoje em dia partilhada entre o Egito e o Sudão. Na época do Antigo Egito, porém, quando governado por faraós em uma dinastia geralmente relacionada aos deuses, o local consistia basicamente em uma região que separava aquele império da África subsaariana.

Vale mencionar também que a região do sítio arqueológico de Kom Ombo também foi palco de outras descobertas impressionantes, como uma estátua de uma esfinge coroada, antigas gravuras de um faraó guerreiro e uma cabeça de pedra do imperador romano Marco Aurélio.

Causa da morte

No túmulo escavado no ano de 2018, vale lembrar, foi notado que o corpo da mulher estava em uma posição curvada para dentro, envolta em uma mortalha de couro. Porém, embora a posição não seja a mais usual — considerando-se que os egípcios levavam os rituais fúnebres muito a sério, de forma que até mesmo a posição do corpo pode significar alguma coisa sobre a pessoa —, não foi isso que mais chamou atenção dos pesquisadores.

Quando analisados seus ossos pélvicos, os arqueólogos envolvidos na pesquisa detectaram algumas anormalidades que poderiam ter se originado de uma fratura anterior que, no entanto, não foi curada adequadamente. Essa anomalia, por sua vez, é o que pode ter sido a causa não só de uma grande dificuldade durante o parto, como da morte da mulher e do bebê.

Além do mais, na sepultura também foram encontrados outros objetos significativos, como um pote de cerâmica, vermelho por fora e preto no interior — mesmo estilo utilizado em outros potes identificados na antiga Núbia —, e curiosas contas feitas com casca de ovo de avestruz.

Contas de ovo de avestruz encontradas no túmulo
Contas de ovo de avestruz encontradas no túmulo / Crédito: Divulgação/Ministério de Antiguidades do Egito

Por fim, as pesquisas ainda concluem que os objetos funerários podem ter sido incluídos para prestar homenagens à mulher que morreu, além de mostrar o respeito de sua família e entes queridos. 

Apesar de a sepultura ser simples, a presença dessas contas no local indica, ainda, que ela possivelmente fazia parte de uma família que possuía relativos recursos financeiros. Isso porque não era comum que os enterros na região da Núbia tivesse esse nível de cuidado com os rituais fúnebres, pois a maioria dos povos nômades simplesmente depositavam seus corpos em covas rasas cavadas no deserto.