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Matérias / Diretas Já

Os 40 anos do movimento 'Diretas Já' em 5 pontos importantes

As ‘Diretas Já’ sempre gerou muitas dúvidas; para resolver esse problema, separamos as respostas mais buscadas no Google sobre esse período; confira!

Maria Paula Azevedo, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 05/04/2024, às 09h00 - Atualizado às 19h18

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Manifestação em Porto Alegre por eleições diretas - Agência Senado
Manifestação em Porto Alegre por eleições diretas - Agência Senado

Neste ano, é celebrado o aniversário de 40 anos do movimento das ‘Diretas Já’, um acontecimento crucial para a redemocratização do país após o golpe militar de 1964, responsável por instaurar um regime civil-militar no Brasil. 

O movimento, que começou em março de 1963, uniu partidos de esquerda e centro-direita em comícios populares por todo o país, que buscavam apoio para a aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que lutava pelo estabelecimento do voto popular na escolha do próximo presidente. Um ano depois, em abril de 1984, o movimento 'Diretas Já' reuniu mais de um milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú, na cidade de São Paulo.

Com a data em mente, o site Aventuras na História separou 6 perguntas já pesquisadas no Google sobre o movimento. Para respondê-las, o site Aventuras na História conversou com o professor da Estácio, Celso Ramos.

1. O que foi o movimento 'Diretas Já'?

As ‘Diretas Já’ foi um movimento de origem popular que se estendeu entre junho de 1983 e abril de 1984, em apoio ao Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que propunha o restabelecimento das eleições diretas para a presidência da república, relembra o professor Celso Ramos

A Emenda, apresentada à mesa da Câmara pelo deputado federal mato-grossense, Dante de Oliveira, no dia 2 de março de 1983, ganhou notoriedade nacional e foi abraçada por amplos setores da sociedade brasileira, apesar do esforço do regime militar para censurar os veículos de notícias e reprimir manifestantes. 

Deputado Dante de Oliveira defende a emenda das Diretas - Crédito: Agência Senado

Os comícios, que pretendiam influenciar o voto dos congressistas, se transformaram em grandes festas cívicas com a presença de artistas populares, cantores, radialistas e personalidades do mundo político. 

Alguns eventos, todos absolutamente pacíficos, chegaram a contar com a presença de centenas de milhares de pessoas, como o de Belo Horizonte (24/2/1984, 400 mil), Rio de Janeiro (10/4/ 1984, 1 milhão) e São Paulo (16/4/1984, 1,5 milhão)", acrescentou o historiador.

2. O movimento foi bem-sucedido?

"A Emenda em si foi derrotada por 22 votos na Câmara dos Deputados Federais. Eram necessários 320 votos de um total de 479 parlamentares; 113 viraram as costas ao povo brasileiro e simplesmente não apareceram no plenário, e outros três se abstiveram. Os 298 votos a favor não foram suficientes para a aprovação, pois foram contabilizados 65 votos contrários à Emenda", apontou Celso

No entanto, ele também destaca que, do ponto de vista da mobilização popular, o movimento foi bem-sucedido, por reacender a chama da participação política, reprimida pela ditadura.

O professor também acredita que o envolvimento da população no processo constituinte de 1986–1988 e no Movimento "Caras Pintadas"de 1992, em torno do impeachment de Collor, é consequência das ‘Diretas Já’.


3. Quem apoiou Diretas Já?

Além do apoio de grande parcela da população, personalidades de destaque das mais variadas profissões também abraçaram a causa, como os futebolistas Pelé, Sócrates e Wladimir. Os jornalistas Osmar Santos, Juca Kfouri e Ricardo Kotscho; os cantores Chico Buarque, Fafá de Belém, Gonzaguinha, Milton Nascimento e Simone. Políticos dos partidos de oposição, como Fernando Henrique Cardoso, Lula, Luiz Carlos Prestes, Ulysses Guimarães e Leonel Brizola, também participaram de comícios realizados pelo país. 

Faixa em prol do 'Diretas Já' - Crédito: Memória EBAC

Além das personalidades públicas acima, o historiador também explica que os mais variados segmentos da sociedade brasileira almejavam o fim da ditadura, que já perdurava quase duas décadas, pela democracia.

"Dentre esses segmentos se destacaram os estudantes secundaristas e universitários, várias categorias de trabalhadores urbanos, a exemplos dos metalúrgicos, professores e bancários. O movimento também contou com amplo apoio de intelectuais, artistas e cientistas", concluiu o professor da Estácio.


4. Como eram as eleições antes das Diretas Já?

Durante a ditadura militar, as eleições presidenciais eram conduzidas pelos congressistas, ou seja, pelos deputados federais e senadores, que formavam o chamado colégio eleitoral.

Em uma única sessão no plenário da câmara, o nome do candidato indicado pelos altos oficiais das três forças armadas era ratificado, tornando as eleições meras formalidades.


5. Qual a importância das Diretas Já?

Celso Ramos explica que o movimento em questão comprovou a urgência em substituir o regime político brasileiro.

Registro da campanha Diretas Já - Créditos: Agência Senado

"As Diretas Já confirmaram a urgência da substituição do regime político brasileiro, realçando a baixa popularidade do governo dos generais. Ao mesmo tempo, canalizou para a sucessão presidencial, prevista para 1985, os anseios por uma vida mais digna, como forma de superação do quadro de crise econômica e desemprego que o país vivia há anos", explicou o historiador ao Aventuras na História.