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Matérias / Netflix

As perturbadoras histórias reais que inspiraram a série Yellowjackets

A produção contra a história de um grupo de adolescentes que precisa aprender a sobreviver na floresta após um acidente aéreo

Redação Publicado em 19/12/2023, às 14h49 - Atualizado em 21/12/2023, às 11h49

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Cena de Yellowjackets - Divulgação/ Showtime
Cena de Yellowjackets - Divulgação/ Showtime

Na última semana foi disponibilizada na Netflix a primeira temporada de Yellowjackets, uma série dramática que começou a ser lançada em 2021 pela Showtime — uma emissora dos Estados Unidos. 

A produção ficcional, que já está no top 5 de mais assistidas da plataforma de streaming no Brasil, conta a história de um time de futebol feminino de ensino médio que acabou preso em uma floresta remota após o avião que as transportava sofrer uma queda no local. 

Após a tragédia, o grupo de sobreviventes precisa aprender como viver por conta própria em meio à vegetação, com algumas de suas sequências mais chocantes envolvendo canibalismo — uma das medidas mais extremas que elas precisaram tomar para se manterem alimentadas durante a difícil situação. 

Embora os eventos retratados pela série sejam fictícios, vale mencionar que eles foram inspirados por fatos reais. Dois casos específicos marcados pelo canibalismo foram confirmados como inspiração pelos seus criadores, os roteiristas e produtores Ashley Lyle and Bart Nickerson

Caravana Donner 

Em 1840, um grupo pioneiro de estadunidenses formado por duas famílias (os Donner e os Reed) formavam uma grande caravana composta por diversas carroças viajando com destino à porção oeste do território.

Eles não eram os únicos fazendo o trajeto: na época, ocorria um grande fluxo migratório em direção ao oeste dos Estados Unidos. Os Donner e os Reed, no entanto, acabaram se separando do restante dos viajantes ao decidirem pegar um atalho. 

O caminho mais usado para fazer a viagem era mais longo, porém seguro. Já o atalho garantia que os peregrinos chegassem aonde queriam com algumas semanas de adiantamento, porém era mais perigosa. 

Eles escolheram o segundo trajeto, o que se provou um engano fatal. Dos 87 que começaram o percurso, apenas 34 sobreviveram. O caminho alternativo cruzava o inóspito Deserto do Grande Lago Salgado, que é um deserto de sal de dias quentes e noites geladas.

Por conta da dificuldade da travessia, que fazia as carroças lotadas de gente atolarem, a caravana acabou se atrasando em vez de se adiantar, e seus suprimentos se esgotaram. Muitos pereceram devido à fome, à sede e ao frio. Para continuarem vivos, os viajantes recorreram ao canibalismo, precisando se alimentar da carne de seus próprios parentes mortos. 

Desastre dos Andes 

Foto do local dos destroços do avião / Crédito: Divulgação/ Corpo de Bombeiros do Chile 

As semelhanças entre essa tragédia da vida real e o enredo de Yellowjackets, por sua vez, são ainda maiores. Neste caso, um time de rúgbi uruguaio acabou preso na cordilheira dos Andes em 1972 após seu avião colidir contra as montanhas a caminho de um jogo no Chile. 

Os passageiros que sobreviveram ao acidente precisaram enfrentar temperaturas de até 30 graus abaixo de zero e, dado que estavam em meio a rochas congeladas a 4 mil metros de altitude, um ambiente onde não existia nenhuma planta ou animal à vista, rapidamente ficaram sem comida.

Havia 45 pessoas no voo, mas apenas 16 puderam voltar para suas famílias. Das vítimas, 12 faleceram durante o impacto, e outros 17 nos dias que se seguiram. Segundo revelado pelos que conseguiram se manter vivos, eles acabaram precisando praticar canibalismo como forma evitar a inanição durante os mais de 70 dias que passaram isolados nos Andes

A gente pensou se não estávamos enlouquecendo apenas por contemplar algo assim. Havíamos nos tornado selvagens? Ou aquela era a única coisa a se fazer? Estávamos realmente empurrando os limites do nosso medo", relatou posteriormente Roberto Canessa, um dos presentes, em seu livro de memórias. 

A história é ainda mais angustiante quando se leva em conta que os sobreviventes conseguiam ver os aviões militares enviados para resgatá-los sobrevoando o local. Os socorristas, no entanto, não conseguiam enxergar os destroços da aeronave e as pessoas lá embaixo. Após 11 dias, as buscas foram encerradas. 

Para conseguirem ajuda, dois integrantes do grupo precisaram sair da carcaça da aeronave, onde eles estavam se refugiando até ali, e caminhar até algum lugar onde houvesse outras pessoas. Eles atravessaram mais de 38 quilômetros em dez dias, tudo isso sem equipamento para escalada no terreno congelado e com a saúde debilitada.

Finalmente, conseguiram chegar à civilização e as forças armadas chilenas foram notificadas da existência de sobreviventes nos Andes, de forma que o restante do grupo foi resgatado. 

A dramática situação foi recontada em dois filmes diferentes: "Os Sobreviventes dos Andes", de 1976, e "Vivos", lançado em 1993.