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Matérias / James Webb

Planeta de sistema solar apontado como potencialmente habitável tem dias de 230°C, revela James Webb

Esses achados foram descritos como 'decepcionantes', porém não é preciso perder a esperança — a investigação do supertelescópio está apenas começando

Ingredi Brunato Publicado em 28/03/2023, às 18h04 - Atualizado às 23h07

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Representação do sistema Trappist-1 - Divulgação/ Nasa
Representação do sistema Trappist-1 - Divulgação/ Nasa

Um estudo publicado na revista Nature na última segunda-feira, 27, revela a análise de um planeta de características semelhantes à Terra feita por cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) com o auxílio do supertelescópio espacial James Webb

O Trappist-1b, que foi alvo da pesquisa, é o mais próximo dos sete planetas que orbitam a Trappist-1, uma anã vermelha nome dado a estrelas consideradas pequenas — em um sistema solar localizado a 39 anos-luz da Terra. 

Descoberto em 1990, essa formação já anima a comunidade de astronomia há três décadas devido às características de seus planetas, que são de estrutura rochosa (assim como aquele em que vivemos) e também possuem órbitas com trajetórias semelhantes às dos corpos celestes do nosso Sistema Solar.

Por conta desses e outros aspectos, o sistema Trappist-1 é considerado potencialmente habitável, isso é, com boas chances de que tenha as condições necessárias para o florescimento de vida. 

Já após o lançamento do James Webb em dezembro de 2021, que é o mais poderoso telescópio espacial já inventado pela humanidade, os astrônomos finalmente puderam começar a investigar com mais profundidade essa possibilidade. 

Representação do sistema Trappist-1 / Crédito: Divulgação/ Nasa

Resultados iniciais 

Existe mais de um planeta no sistema citado que chama atenção dos pesquisadores, e eles decidiram começar sua análise justamente por aquele que ficava mais próximo da anã vermelha: o Trappist-1b. 

Ao ser capaz de detectar a luz transmitida pelo exoplaneta, o supertelescópio forneceu dados que permitiram a medição da temperatura do corpo celeste. A conclusão, no entanto, foi descrita por um dos autores do estudo como "decepcionante": os dias no Trappist-1b podem chegar a nada menos que 230°C. 

Esse calor todo, infelizmente, é uma evidência de que o planeta provavelmente não possui atmosferaou seja, não existem gases ao redor dele, como acontece na Terra, cuja superfície é envolvida por uma camada gasosa de nitrogênio, dióxido de carbono e oxigênio.  

Alguns grupos teóricos previram que o planeta teria uma atmosfera densa, enquanto outros pensaram que não. Fiquei mais decepcionado do que surpreso ao ver que não tinha atmosfera", explicou o astrofísico Thomas Greene em entrevista ao portal Space.com. 

Essa ausência de gases atmosféricos preocupou os cientistas, mas vale enfatizar também que ninguém esperava que o Trappist-1b fosse habitável, justamente devido à sua proximidade da estrela que orbita: ele está posicionado cerca de 100 vezes mais perto de sua estrela, a Trappist-1 do que a Terra está em relação ao Sol. 

Assim, são os "planetas irmãos" dele que são mais promissores. Apesar disso, os pesquisadores ainda pretendem fazer uma outra medição em um período diferente do ano para confirmar os dados que obtiveram desta vez a respeito da atmosfera do corpo celeste: 

Temos algumas observações de acompanhamento agendadas para junho em outro comprimento de onda e propusemos observar uma parte maior da órbita do planeta para examinar e talvez descartar alguns outros tipos de atmosferas", apontou Greene.
Representação do planeta e sua estrela ao longe / Crédito: Divulgação/ Nasa e ESA 

Valor científico 

O estudo desse sistema planetário também é particularmente relevante para a astronomia pelo fato das anãs vermelhas serem, até onde temos conhecimento, muito mais comuns que as estrelas maiores como o nosso Sol, que é uma anã amarela, tendo, portanto, um porte pequeno para médio. 

Existem cerca de dez vezes mais anãs vermelhas como Trappist-1 do que estrelas como o Sol. As estrelas anãs vermelhas também têm cerca de duas vezes mais probabilidade de ter planetas rochosos do tamanho da Terra. Portanto, cerca de 95% dos planetas rochosos do tamanho da Terra na Via Láctea terão estrelas como Trappist-1 e não como o Sol", concluiu Greene ao Space.com.

Assim, caso encontremos vida extraterrestre, é mais provável que ela esteja no sistema solar de uma estrela com dimensões semelhantes às de Trappist-1, de forma que é importante entendermos o funcionamento de astros como esse.