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Matérias / Egito Antigo

Relembre a descoberta da múmia do Egito que morreu no parto de gêmeos

Embora tenha sido encontrada em 1908, múmia de adolescente guardou um ‘segredo’ por anos: ela estava grávida de gêmeos quando morreu

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 13/04/2024, às 10h00

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Cabeça da múmia, agora desaparecida, e cabeça de um feto na cavidade pélvica - Margolis e Hunt
Cabeça da múmia, agora desaparecida, e cabeça de um feto na cavidade pélvica - Margolis e Hunt

Descoberta em 1908, a múmia de uma adolescente egípcia — que morreu durante o trabalho de parto — guardou por anos uma revelação. Quando arqueólogos a escavaram, encontraram o corpo enfaixado de um feto e os restos de uma placenta presa entre as pernas da menina. 

À época, os pesquisadores concluíram que o feto tinha relações com a mulher mumificada — que tinha entre 14 e 17 anos quando morreu, em algum momento do Egito Antigo entre o final da Época Baixa (de 712 a.C. até 332 a.C.) e o Período Copta (395 até 642). 

+ O rosto da mais antiga múmia egípcia grávida do mundo

Naquela época, os pesquisadores fizeram uma incisão no abdômen da mãe e encontraram o crânio do feto preso no canal do parto. O cenário indicava que a menina havia morrido devido a complicações durante o nascimento do filho. 

Entretanto, somente um século depois que os investigadores fizeram uma descoberta impressionante: um segundo feto (que estava alojado no peito da menina).

"Esta é a primeira múmia desse tipo descoberta", disse a principal autora do estudo, Francine Margolis, arqueóloga independente dos EUA, no ano passado.

Imagem da cabeça de bebê presa na pélvis de múmia - Margolis e Hunt

Vale ressaltar que, embora existam muitos sepultamentos conhecidos de mulheres que morreram durante o trabalho de parto, "nunca foi encontrado nenhum no Egito", completou Margolis à Live Science.

O segundo filho

O primeiro contato de Margolis com a múmia aconteceu em meados de 2019, quando a arqueóloga escrevia sua tese de mestrado em antropologia sobre a morfologia pélvica feminina para a George Washington University (GWU), em Washington (EUA).

Eu fiz uma tomografia computadorizada para obter suas medidas pélvicas", explicou ao veículo. "Foi quando descobrimos o segundo feto".

As imagens em 3D da análise revelaram os restos mortais de um feto que não havia sido mencionado em estudos anteriores. Ele estava alojado no peito da menina. Desta forma, Francine e David Hunt, coautor do novo estudo, radiografaram a múmia para conseguirem uma imagem mais clara dos fetos. 

Raio X que mostra feto alojado no peito da menina - Margolis e Hunt

No estudo, publicado em dezembro do ano passado no International Journal of Osteoarchaeology, os especialistas descobriram que a menina morreu enquanto dava à luz depois da cabeça do primeiro feto ficar presa no canal de parto'

Segundo a pesquisa, a cabeça do feto que sai do útero geralmente é 'dobrada' contra o peito para permitir a passagem pela pélvis. Porém, a cabeça ficou em uma posição larga demais para conseguir atravessar e acabou presa. 

Ainda conforme os pesquisadores, a mulher tinha cerca de 1,52 metros de altura e pesava entre 45 e 55 quilos; o que significa que seu tamanho e pouca idade podem ter contribuído para o insucesso durante o nascimento dos filhos. 

Como a cabeça da múmia está desaparecida, as investigações sobre o estado de saúde da mãe são limitados.

"Se descobrirmos que sua cabeça e seus dentes estão presentes, testes destrutivos em dentes e cabelos poderiam fornecer informações sobre sua dieta e o estresse metabólico que ela estava enfrentando durante sua vida", disse a arqueóloga.

Outro ponto que não foi esclarecido é como os restos mortais do segundo feto foram parar no peito da menina. Acredita-se que o diafragma e os outros tecidos se dissolveram durante o processo de mumificação. 

Por fim, o estudo documentou que embora existam poucas informações sobre o parto no Egito Antigo, sabe-se que a gravidez de gêmeos era indesejada; visto que um papiro do terceiro período intermediário, conhecido como Decreto Amulético Oracular, oferecia às mães um feitiço para que impedir que gêmeos nascessem.