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Matérias / Brasil

"Saio da vida para entrar na História": a impactante carta-testamento de Vargas

Getúlio havia recebido um ultimato para renunciar ao poder, todavia, ele decidiu deixar o cargo de seu próprio jeito

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 02/02/2021, às 17h29 - Atualizado às 20h11

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Fotografia de Getúlio Vargas quando jovem - Wikimedia Commons
Fotografia de Getúlio Vargas quando jovem - Wikimedia Commons

Era o ano de 1954, e o segundo governo de Getúlio Vargas não ia bem. O presidente enfrentava uma crescente oposição dentro do sistema político, de forma que sua governabilidade estava severamente prejudicada. 

Essa frente contrária ao estilo da administração varguista era liderada pela União Democrática Nacional (UDN), um partido que fez tudo que pôde para impedir as propostas de Vargas de se concretizarem. 

A esse ponto, nem o povo e tampouco os adversários de Getúlio podiam desconfiar do fato dramático que estava para acontecer, e nem como ele mudaria totalmente o jogo de forças que se dava no cenário político nacional.  

Problemas 

A crise política não era a única preocupação do presidente. Para piorar a situação, o povo brasileiro também não estava tão satisfeito com o político populista como estivera outrora. 

Uma série de fatores havia levado ao aumento do custo de vida, e nem mesmo os esforços de Getúlio em aumentar o salário mínimo haviam impedido a deterioração das condições econômicas de muitos trabalhadores.

Isso ficou evidente, por exemplo, quando ocorreu a Marcha das Panelas Vazias, e depois a Greve dos 300 mil, ambas em 1953. As informações foram documentadas pelo site Brasil Escola, do UOL. 

Foi então que o presidente se viu envolvido em um escândalo de corrupção, em que foi exposto que criou um jornal a favor dele. Foi a gota d'água para seu governo, fazendo com que Vargas recebesse um ultimato das Forças Armadas brasileiras - ou renunciava, ou era retirado à força. 

Fotografia oficial de Vargas em seu segundo mandato / Crédito: Wikimedia Commons

Entretanto, o político populista criou uma terceira opção, e exatamente quando parecia prestes a ser derrotado pela UDN e seus aliados, tomou a decisão drástica que mudou a opinião pública de forma instantânea: tirou sua própria vida com um tiro no coração. 

"Só morto sairei do Palácio do Catete", teria dito o presidente apenas alguns dias antes em entrevista ao Jornal Última Hora, e, de forma sombria, fez cumprir sua palavra. 

Ao retirar-se de tal forma do cenário nacional, Getúlio acabou revertendo sua impopularidade. Ele converteu-se em um herói e um mártir, o "Pai dos Pobres", como era chamado, e seus inimigos políticos se transformaram em inimigos do Brasil. 

Despedida 

Sua carta de despedida ao povo brasileiro, que foi lida em seu enterro por um colega de partido, é até hoje lembrada pela História nacional - nela, prevaleceu um tom dramático e grandioso, como se fosse a descrição do fim de uma tragédia grega.

E o público reagiu de acordo, mostrando-se comovido com a morte do presidente, e indignado com seus adversários. O jornalista Carlos Lacerda, líder da UDN, chegou a precisar deixar o país para evitar represálias. 

Fotografia de Carlos Lacerda / Crédito: Wikimedia Commons

Em sua última mensagem para a posteridade, Getúlio retratou a si mesmo como um mártir que se sacrificava pelo Brasil.

“Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco.”

“E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte”, escreveu o governante, de acordo com o site da Assembleia Legislativa de São Paulo. 

O político finalizou ainda fazendo uma suposição que posteriormente se provaria correta: “Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”, disse Vargas. E ele estava certo. 

O político populista deixou para trás um verdadeiro legado, tornando-o uma figura de tal relevância na trajetória do Brasil que nem seus opositores puderam negar sua popularidade.

Seu sucessor, que se chamava Café Filho, precisou inclusive fazer promessas públicas de que daria prosseguimento aos projetos de Getúlio, para conseguir acalmar as tensões. 


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