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Matérias / Brasil

A trágica história do leão criado como cachorro em Goiânia

Quando filhote, ele dormia junto dos filhos de seu dono, mas depois de adulto acabou matando uma garotinha de 2 anos

Ingredi Brunato Publicado em 31/10/2023, às 15h26 - Atualizado em 01/11/2023, às 18h39

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O leão Guru em jaula - Divulgação/ Reportagem/ TV Anhanguera
O leão Guru em jaula - Divulgação/ Reportagem/ TV Anhanguera

No ano de 1986, um leão criado como animal de estimação por um morador de Goiânia, capital de Goiás, acabou fugindo e matando uma menina de apenas 2 anos em uma tragédia que chocou o país. 

A jovem vítima, Suzana Fernandes Junqueira, estava brincando na rua com outras duas crianças quando foi atacada pelo animal selvagem, que a mordeu e arrastou para longe enquanto os presentes observavam horrorizados. 

Fotografia de Suzana disponibilizada pela TV Anhanguera / Crédito: Divulgação/ TV Anhanguera 

Animal de estimação 

"Guru" era um leão que foi adotado ainda filhote pelo empresário Mário Ângelo Simionato nos anos 80. O homem era dono de uma loja de materiais de construção, e, quando o felino começou a adquirir o porte de adulto, acabou sendo levado da casa do homem para ser mantido, em vez disso, em seu local de trabalho. 

O bichinho era pequenininho, engraçadinho, dormia com os filhos dele [o dono]. À medida que foi crescendo, a família ficou preocupada porque poderia ser um risco, ele era dócil com todo mundo, mas era um leão. Eles o levaram para a loja. A loja era cercada de tela. Então você via o bicho solto nessa área, como realmente um cão de guarda da loja", afirmou a jornalista Cileide Alves em uma reportagem a respeito do caso que foi ao ar ainda naquela época. 

Toda a vizinhança sabia sobre o grande felino que guardava o estabelecimento. Um dia, porém, a convivência pacífica entre humanos e leão acabou chegando a um término abrupto quando Guru, que possivelmente havia ficado sem ser alimentado durante um final de semana, fugiu de seu cercado.

A pequena Suzana infelizmente não tinha como saber o perigo em que estava quando o animal apareceu na sua frente. "Ela viu o leão e achou bonitinho, começou a bater palma e cantar parabéns para o leão. O leão se assustou e pulou na jugular dela e a matou", relatou Cileide ainda. 

A morte brutal da criança fez com que as autoridades fossem acionadas com urgência para capturar a fera. A operação não foi fácil, envolvendo tanto a polícia quanto o Corpo de Bombeiros de Goiânia, e durando três horas no total. Parte dela foi procurando pelo paradeiro de Guru, aliás, que havia se escondido da comoção. 

Outro detalhe é que uma figura relevante a ter auxiliado na captura foi um domador de leões que estava na cidade junto com o circo, conforme repercutiu o G1. 

Após ser dominado, o felino foi enviado para o zoológico de Goiânia, onde acabou atraindo muitos visitantes que, motivados por uma curiosidade mórbida, vinham ver pessoalmente o leão que matou uma garotinha de 2 anos após ter sido "criado" por humanos como bicho de estimação.  

Foi horrível, gerou muita comoção. Um animal aprisionado daquele jeito em uma área urbana, foi uma sequência de erros que gerou aquela tragédia. Na época eu fiquei muito baqueada", comentou Mirian Tomé, repórter da TV Anhanguera, ainda de acordo com o G1. 
Guru em jaula após incidente mortal / Crédito: Divulgação/ Reportagem/ TV Anhanguera 

Desdobramentos judiciais 

Após o óbito de Suzana, o dono de Guru, Mário Ângelo, foi processado criminalmente por conta do cenário perigoso que se criou com a sua decisão de adotar a fera.

O empresário foi sentenciado a prestar um ano de serviços comunitários, uma pena mais leve que tempo de cadeia. Ele se livrou da alternativa por "possuir bons antecedentes, ótima conduta social e personalidade", de acordo com as considerações do juiz da época. 

Outro detalhe é que o advogado de Mário Ângelo entrou mais tarde com um recurso na Justiça por conta da falta de denúncias contra o homem que trabalhava como vigia no dia em que Guru se soltou. O profissional de defesa argumentou que este funcionário teria aberto a jaula para "exibi-lo a amigos curiosos", assim sem querer permitindo que o leão escapasse. O vigia, vale destacar, negou o acontecimento.