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Matérias / Vanessa Guillén

Vanessa Guillén e o brutal assassinato que virou documentário da Netflix

Vanessa Guillén, de 20 anos, foi assassinada nas Forças Armadas e desencadeou movimento de apoio

Isabelly de Lima, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 29/11/2022, às 19h25

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Vanessa Guillén, morta aos 20 anos - Divulgação / U.S. Army
Vanessa Guillén, morta aos 20 anos - Divulgação / U.S. Army

A jovem Vanessa Guillén, 20, foi vista na base militar de Fort Hood, uma das maiores do mundo, pela última vez em 22 de abril de 2020. A base é localizada em Killeen, no Texas e lá atuam cerca de 40 mil militares. Ela foi declarada desaparecida no dia seguinte. Durante várias semanas, muitos soldados participaram das buscas, e até o próprio Exército lançou um apelo ao público por informações que pudessem dar alguma dica de seu paradeiro.

Em 30 de junho, quando o caso já tinha ganhado atenção nacional, os restos mortais da jovem foram encontrados enterrados próximos a um rio, a cerca de 40 quilômetros de Fort Hood. As autoridades militares indicaram que o suspeito da morte de Guillén é Aaron David Robinson, também soldado, da mesma idade da vítima. Ao ser confrontado pela polícia, ele teria se suicidado, em 1° de julho. Já Cecily Aguilar, namorada de Robinson, 22, está presa.

Segundo as autoridades do Departamento de Justiça, Aguilar teria confessado que matou Vanessa dentro da base militar, com golpes de martelo na cabeça. Ela transportou o corpo dentro de uma caixa, com a ajuda do namorado, desmembrou o corpo da jovem e os restos foram enterrados em 3 covas separadas.

A família de Vanessa disse que ela confidenciou que vinha sofrendo assédio sexual na base militar, porém, com medo de sofrer retaliação, não contou isso a ninguém e nem mesmo registrou reclamação formal.

Vanessa Guillén, militar morta no Texas - Crédito: Divulgação / U.S. Army

Hashtag poderosa

O caso gerou uma enorme comoção em todo o país e nas redes sociais internautas subiram a hashtag #IamVanessaGuillen (Eu Sou Vanessa Guillen, em português). Com isso, milhares de mulheres das Forças Armadas passaram a compartilhar relatos de assédio e abuso sexual sofridos enquanto estavam em serviço, além de contarem as dificuldades para denunciar tal tipo de crime.

Mulheres de diferentes idades relataram inúmeros casos de estupro e abuso sexual em público. Algumas delas contaram que foram drogadas ou atacadas enquanto dormiam. Em diversos casos, o agressor era um militar de patente superior da vítima. Segundo as militares, as denúncias foram recebidas com hostilidade e total indiferença, criando uma cultura nas Forças Armadas que facilita os abusos e influencia as vítimas a permanecerem em silêncio.

As mulheres relataram que sofreram ameaças e foram alertadas de que uma denúncia poderia destruir suas carreiras militares. Quando as denúncias foram levadas adiante, os culpados raramente foram punidos.

Dados chocantes

Um relatório divulgado pelo Departamento de Defesa, em abril de 2020, informou que cerca de 6.236 denúncias de abuso sexual foram registradas nas Forças Armadas em 2019, representando um aumento de 3% em relação a 2018.

De todos estes, apenas 363 casos foram a julgamento e apenas 138 foram condenados. Além disso, 1.021 reclamações formais de assédio sexual foram feitas nesse ano, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Uma pesquisa do Pentágono com dados de 2018, baseada em estimativas, indica que 20,5 mil militares (sendo 13 mil deles mulheres e 7,5 mil homens) sofreram abuso sexual ou estupro.

Mais de 25% das vítimas que não denunciaram os agressores citaram ter medo de retaliações por parte de colegas e comandantes e 30% disse temer que nada fosse feito. Das mulheres que denunciaram, 64% disse sofrer retaliação.

Movimento ‘Me Too’

Nas Forças Armadas, o caso de Vanessa provocou uma reação curiosa, mobilizando a população civil e também os militares. Ao redor do país, memoriais foram criados para Guillén, assim como vigílias e marchas que exigiam justiça, acusando o Exército de não fazer o suficiente para que as militares se sintam seguras.

Em referência ao movimento que denunciou abuso sexual em Hollywood e em outros setores, os jornais americanos descrevem a comoção do caso como "um momento 'Me Too' nas Forças Armadas". 

Família de Vanessa Guillén no funeral da jovem - Crédito: Divulgação / U.S. Army

A investigação feita no caso é defendida pelo Exército e, segundo os investigadores, ainda não existem evidências de que Robinson tenha abusado de Vanessa sexualmente antes de sua morte, como suspeita a família. Tais alegações continuam sendo investigadas.

A Netflix produziu um documentário sobre o caso de Vanessa, intitulado “Eu Sou Vanessa Guillen”, nome provido da hashtag criada na internet. A produção segue famílias de militares que buscam a verdade e justiça nos casos de abuso sexual de seus familiares. O título já está disponível na plataforma de streaming.