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Matérias / Netflix

Virou documentário na Netflix: A promoção que, acidentalmente, prometeu um jato

Nos anos 90, uma famosa marca acabou envolvida em um escândalo após ter feito uma brincadeira

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 26/11/2022, às 17h00 - Atualizado em 07/12/2022, às 14h52

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Trecho de documentário em que ator interpreta o jovem John Leonard - Divulgação/ Netflix
Trecho de documentário em que ator interpreta o jovem John Leonard - Divulgação/ Netflix

O ano era 1996, e a Pepsi tentava fazer tudo para se sobressair à sua concorrente no mercado dos Estados Unidos, a poderosa Coca-Cola. Sua mais recente tentativa, por sua vez, era o lançamento de uma promoção chamada "Pepsi points", em que rótulos de latas e garrafas poderiam passar a ser trocados por pontos. 

O acúmulo de pontos, por sua vez, renderia aos clientes o acesso a uma variedade de produtos: 60 deles, e era possível ganhar um boné. 80 conquistavam uma camiseta. Com 175, o prêmio era um óculos de sol. 

No topo da escala, havia recompensas ainda melhores, como uma jaqueta de couro (por nada menos que 1.750 pontos), e, liderando o ranking, uma bicicleta para pedalar em terreno montanhoso, que só seria conseguida com 3.300 rótulos. De tão curiosa, a história chama atenção até os dias atuais. 

Imagem tirada de cópia de catálogo lançado pela Pepsi a respeito de sua campanha / Crédito: Divulgação/ Pepsi/ The Hustle

Na propaganda em que a companhia de refrigerante anunciou sua promoção, todavia, ela cometeu um erro pelo qual pagaria caro: decidiu incluir, como forma de brincadeira, que o cliente que conseguisse 7 milhões de pontos seria premiado com um jato militar Harrier, que, na época, era recém-lançado e custava 33 milhões de dólares. 

A brincadeira fez com que um estudante universitário decidisse literalmente pagar para ver. Isso porque não havia, por exemplo, nenhum aviso no comercial explicitando se tratar de uma piada.

A história de John Leonard — assim como de seu fiel amigo Todd Hoffman, cujo auxílio financeiro foi essencial —, foi transformada em uma série documental da Netflix. A produção, chamada "Pepsi, cadê meu avião?", estreou na plataforma na semana passada.

Fotografia de John Leonard e (sentado em seu colo) Todd Hoffman / Crédito: Divulgação/ Netflix

Brecha no sistema 

O fator determinante para tornar a aventura de Leonard financeiramente viável foi o fato que, na verdade, não era necessário comprar uma Pepsi para conseguir pontos. Eles também podiam ser comprados por 10 centavos cada, o que os barateava muito. 

Assim, em vez de comprar 7 milhões de latas de refrigerante para conseguir o jatinho prometido, o norte-americano precisaria desembolsar 'apenas' 700 mil dólares, uma pechincha perto do valor real da aeronave. 

Ainda era, todavia, uma grande quantia de dinheiro. Ele não teria tido condições de levar seu plano ousada para frente se não fosse por Todd Hoffman, um homem já na casa dos 40 anos de quem ele ficou amigo durante uma escalada.

Outro detalhe importante a respeito de Hoffman é que ele possuía um patrimônio milionário, e estava disposto a usá-lo para financiar a ideia insólita. Em uma entrevista ao The Guardian, Leonard descreveu o colega como uma variável que a Pepsi não tinha incluído em suas contas: 

Eles estavam contando com a existência de sonhadores como eu, mas eles só nunca pensariam que um sonhador como eu teria acesso a alguém que estava disposto a embarcar nessa jornada insana e realmente escrever o cheque", relatou ele ao veículo. 

Escândalo 

Após conseguir os 7 milhões de pontos, o estadunidense foi a público: ele queria seu jato Harrier. A companhia de bebidas doces gaseificadas, por sua vez, não gostou da solicitação. 

Assim, John Leonard acabou envolvido em um longo processo judicial de três anos com a Pepsi. Infelizmente, a conclusão do julgamento foi a favor da empresa, com o juiz concluindo que o teor absurdo da proposta do comercial deixaria claro se tratar de uma brincadeira. 

Mesmo com a vitória nos tribunais, porém, vale destacar que a companhia acabou sofrendo uma derrota em termos de imagem diante do público, que acompanhou a história toda se desenrolar, e, em geral, simpatizava com Leonard. A questão foi comentada por Hoffman também ao The Guardian: 

John era o típico garoto americano. Ele era a geração Pepsi. E isso é o que é irônico, também. A Pepsi desperdiçou uma grande oportunidade de olhar esse garoto e dizer: 'Olha, vamos levá-lo pelo país no jato Harrier no próximo ano, pagaremos a você um milhão de dólares'. Em vez de contratar advogados e nos processar, eles poderiam ter feito a coisa certa e dito: 'Esse garoto fechou o negócio. Ele tocou a campainha e ganhou o prêmio', sabe?", apontou. 

Confira abaixo o trailer da produção documental lançada pela Netflix, que é dividida em quatro episódios e conta com entrevistas da dupla de amigos envolvida no episódio: