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Curiosidades / União Soviética

O fim do homem soviético: obra analisa a vida das pessoas afetadas por essa transformação

Lançado no Brasil em 2016, o livro de Svetlana Aleksiévitch narra experiências pessoais de pessoas que nasceram e cresceram durante o regime de Stalin

Victória Gearini Publicado em 19/11/2020, às 17h54

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Joseph Stalin, líder da União Soviética - Wikimedia Commons
Joseph Stalin, líder da União Soviética - Wikimedia Commons

Lançada em 2016 no Brasil pela editora Companhia das Letras, a obra O fim do homem soviético, da renomada jornalista Svetlana Aleksiévitch, retrata múltiplas histórias de pessoas afetadas pela transformação na sociedade russa, com o fim da União Soviética. Este livro narra as experiências pessoais de russo de diferentes idades, que viram uma drástica mudança na estrutura social, no cotidiano e, sobretudo, no posicionamento ideológico da população.

Relatos reais

A primeira parte da obra, A consolação pelo Apocalipse, reúne uma coletânea de entrevistas de russos que nasceram e cresceram na antiga União Soviética. A escritora retrata as experiências pessoais dos entrevistados, que envolvem romances, frustrações, ambições e impressões. Além disso, a autora menciona, ainda, episódios e pessoas que marcaram a história do território russo, como Stalin, Beria, Krutschev, Brejnev e Gorbatchov

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O fim do homem soviético, de Svetlana Aleksiévitch (2016) / Crédito: Divulgação / Companhia das Letras

Por meio de uma construção de perfis, Svetlana Alexievitch retrata a história do regime soviético, desde a sua ascensão até sua queda. Boa parte das narrativas abordadas são de jovens que se engajaram em campanhas para construir uma pátria nos moldes socialistas. 

Dentre as histórias apresentadas pela jornalista, há o relato de uma senhora russa, que em 1990 revelou à escritora a trajetória de seu pai. Segundo a fonte, o patriarca era soldado do Exército Vermelho e durante o inverno de 1939 foi enviado para lutar na guerra com a Finlândia. No entanto, por ter sido capturado pelos finlandeses, o oficial foi condenado a seis anos de trabalhos forçados por traição à pátria.

No campo de trabalho forçado, o homem enfrentou o frio e a fome, além da violência cometida por outros oficiais. Entretanto, ao voltar para casa, não culpou Stalin pelo ocorrido e manteve sua leal à União Soviética. “Papai não tinha raiva de ninguém, ele dizia que eram os tempos que eram daquele jeito. Tempos ferozes. Nós estávamos construindo um país forte, e nós conseguimos. E nós vencemos Hitler. Era o que dizia papai”, disse a senhora em entrevista à Svetlana Alexievitch, em 1990. 

A queda da União Soviética

Já a segunda parte do livro, A Fascinação do Vazio, retrata o período pós-soviético e a ascensão do nacionalismo russo representado pelo presidente Vladimir Putin. A obra de Svetlana Alexievitch mostra como a União Soviética proporcionou aos cidadãos o sentimento de pertencer a um projeto admirável e economicamente estável.

Joseph Stalin, líder político soviético / Crédito: Getty Images

Nos dias atuais, Vladimir Putin gerou revolta ao declarar que o colapso da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica do século 20. No entanto, com o livro de Svetlana Alexievitch é possível compreender que o presidente se referia aos rastros conflituantes que esse evento causou na vida da população russa. 

Disponível na Amazon em formato de capa comum e Kindle, a obra O fim do homem soviético, com tradução de Lucas Simone, retrata, em suma, o desequilíbrio político e trauma psicológico causado na vida das pessoas, com o fim da União Soviética. 

Confira abaixo um trecho de O fim do homem soviético (2016):

“Nós nos despedimos da época soviética. Daquela nossa vida de antes. Venho tentando ouvir com franqueza todos os participantes do drama socialista… 

O comunismo tinha um plano insano: refazer o ‘velho homem’, o antigo Adão. E conseguiram fazer isso… Talvez tenha sido a única coisa que conseguiram fazer. Depois de setenta e tantos anos, no laboratório do marxismo‑leninismo, cultivaram uma espécie humana peculiar, o homo sovieticus. Uns consideram‑no um personagem trágico, outros o chamam de sovok.

Tenho impressão de que conheço essa pessoa, ela me é bem conhecida, estou junto dela, vivi ao lado dela por muitos anos. Ela sou eu. São meus conhecidos, meus amigos, meus pais. Durante anos, viajei por toda a antiga União Soviética, porque o homo sovieticus não é apenas o russo, mas também o bielorrusso, o turcomeno, o ucraniano, o cazaque… Agora vivemos em países diferentes, falamos línguas diferentes, mas somos inconfundíveis. Dá para reconhecer de cara! Somos todos pessoas do socialismo, semelhantes e não semelhantes às demais pessoas: temos nosso vocabulário, nossa noção de bem e de mal, de heróis e de mártires. Temos uma relação particular com a morte. São recorrentes nos relatos que eu colho palavras que ferem os ouvidos: ‘atirar’, ‘fuzilar’, ‘liquidar’, ‘passar em armas’, ou ainda aquelas variantes soviéticas para desaparecimento, como ‘detenção’, ‘dez anos sem direito a correspondência’, ‘emigração’. Quanto pode valer a vida humana se nos lembrarmos de que há pouco tempo milhões morreram? Estamos cheios de ódio e de preconceitos. Tudo vem de lá, de onde havia o gulag e a terrível guerra. A coletivização, a expropriação dos kulaks, a migração dos povos…”


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