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Matérias / São Longuinho

Como São Longuinho se tornou o santo que ajuda a encontrar itens perdidos

São Longuinho é conhecido por ajudar a encontrar itens perdidos caso se dê três pulinhos; confira sua história

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 16/10/2022, às 09h00 - Atualizado em 04/11/2022, às 08h00

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Fotografia de estátua de São Longuinho localizada na Basílica de São Pedro, em Roma - Foto por Jean-Pol GRANDMONT pelo Wikimedia Commons
Fotografia de estátua de São Longuinho localizada na Basílica de São Pedro, em Roma - Foto por Jean-Pol GRANDMONT pelo Wikimedia Commons

Dentro de toda a fé cristã, não somente a figura de Jesus Cristo é glorificada, como ela também se faz mais ampla e possibilita a canonização de outras figuras religiosas como santos — sendo a Irmã Dulce um dos exemplos mais famosos, brasileira e beatificada em 2011. Por isso, muitos outros nomes também são conhecidos, e inclusive lhes são atribuídas 'funções', como São Pedro, que muitos relacionam às chuvas.

Tendo isso em mente, hoje falaremos sobre um santo que está próximo de ser lembrado mundialmente em seu dia próprio: no dia 16 de outubro, a Igreja Ortodoxa comemora o Dia de São Longuinho — mas este também é comemorado, em outras vertentes cristãs, no dia 15 de março.

A identidade do santo conhecido por ajudar a encontrar itens perdidos, no entanto, ainda é bastante controversa, sendo ele um dos contemporâneos à Jesus, dentro da fé cristã. Teoricamente, seu nome originalmente era Cássio, e era um soldado romano que servia à Pilatos, aquele que condenou o messias a morrer na cruz.

No entanto, ele não era um soldado qualquer que veio a passar batido pelas escrituras. Cássio seria aquele que viria a perfurar Jesus, para confirmar sua morte, com a ponta de uma lança — e, por isso, passaria a ser chamado de 'Longuinho', originalmente 'Longinus', em latim, nome dado à lança utilizada pelos soldados romanos.

Existem poucos relatos históricos sobre a vida desse personagem, mas é interessante pensar em seu nome como, lendariamente, essa associação à lança", aponta o pesquisador e estudioso de hagiologias — estudo da vida dos santos — da Universidade Federal de São Paulo e associado da Hagiography Society, dos Estados Unidos, Thiago Maerki, à BBC News Brasil.
Estátua de São Longuinho na Basílica de São Pedro, em Roma, na Itália
Estátua de São Longuinho na Basílica de São Pedro, em Roma, na Itália / Crédito: Foto por Jean-Pol GRANDMONT pelo Wikimedia Commons

Depois da cruz

De acordo com a tradição cristã, depois que o soldado romano atingiu Jesus com a lança, o sangue da figura lendária teria espirrado em seus olhos, que eram acometidos por uma doença que o deixava quase cego.

Foi então que seu problema de visão foi resolvido e, "diante desse fato miraculoso e vendo os acontecimento que sucederam com a morte de Jesus" — como conta o escritor e teólogo J. Alves, pesquisador de histórias de santos, à BBC —, acabou se convertendo.

Depois disso, o já conhecido como Longinus deixou o exército romano e teria fugido para a Capadócia, onde foi preso e martirizado, de acordo com informações da BBC News Brasil. Além disso, eventualmente ele viria também a se tornar uma espécie de mártir, visto que foi condenado à morte por traição, por Pilatos.

Os três pulinhos

Ilustração de São Longuinho quando ainda era um soldado romano
Ilustração de São Longuinho quando ainda era um soldado romano / Crédito: Foto por Aw58 pelo Wikimedia Commons

Hoje em dia, a canonização de santos se dá de uma forma muito mais organizada e palpável, visto que muitas figuras que viriam a se tornar santos podem ser vistas em fotografias hoje em dia, se tratando das mais recentes. Porém, para um ex-soldado romano que presenciou a morte de Jesus, a causa foi mais cruel: o martírio sofrido por ele.

Ele é daqueles santos mártires que viveram nos primórdios do cristianismo e deram testemunho da fé, derramando o próprio sangue em nome de Jesus", argumenta Alves, como informado pela BBC News Brasil.

De acordo com o pesquisador, ainda, a crença de que ele ajudaria a encontrar objetos perdidos, se dá pelo fato de que ele era um homem de baixa estatura no passado. "O fato de ser baixinho lhe permitia uma visão privilegiada dos objetos caídos ao chão, por baixo das mesas, os quais eram recolhidos por ele e entregues a seus donos", conta. Já os três pulinhos seriam devido a uma dificuldade de locomoção enfrentada pelo homem.

Por fim, outra curiosidade interessante sobre o personagem cristão parte de uma visão diferente: o espiritismo. No livro 'Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho', publicado em 1938 pelo médium Chico Xavier, é descrito que o último imperador do Brasil, Dom Pedro II, teria sido a reencarnação de São Longuinho.