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Matérias / Arte

'O Grito': Há 30 anos, emblemática obra de Edvard Munch era recuperada

Em fevereiro de 1994, 'O Grito' foi roubado e ladrões deixaram bilhete escrito "muito obrigado pela segurança ruim de vocês"; confira como foi recuperação!

Recorte de 'O Grito', de Edvard Munch - Domínio Público via Wikimedia Commons
Recorte de 'O Grito', de Edvard Munch - Domínio Público via Wikimedia Commons

Certamente uma das obras de arte mais famosas de todos os tempos, 'O Grito' tornou-se basicamente a "cara" do expressionismo. Com o uso de cores fortes e contrastantes, figuras e contornos deformado e pinceladas marcantes, o pintor norueguês Edvard Munch marcou seu nome para sempre na História da Arte.

Claro que sendo uma preciosidade artística, mesmo que exposta em um museu — hoje 'O Grito' pode ser visto na Galeria Nacional da Noruega, em Oslo —, a obra está extremamente protegida de qualquer ataque ou roubo. Porém, há 30 anos, noruegueses voltaram tanto a atenção para outro evento, que essa emblemática pintura acabou sendo levada por ladrões do museu.

Felizmente, não demorou tanto para que autoridades competentes descobrissem a localização da obra e a recuperassem, de forma que essa famosa pintura de Munch retornou à Galeria Nacional no dia 7 de maio de 1994, há exatos 30 anos, apenas alguns meses após ter sido levada. Confira mais sobre essa história!

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'O Grito', de Edvard Munch / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

O roubo

Era 12 de fevereiro de 1994, mesmo dia em que começavam os Jogos Olímpicos de Inverno, na cidade de Lillehammer (a menos de 200 quilômetros de Oslo), quando uma dupla de ladrões se aproveitaram de todo o foco no início da competição, e invadiram a Galeria Nacional.

Segundo o Opera Mundi, eles forçaram entrada no local quebrando o vidro de uma das janelas laterais e, lá dentro, cortaram o único fio que prendia 'O Grito' à parede. Não bastasse levarem o quadro, ainda deixaram um bilhete debochado no lugar: "Muito obrigado pela segurança ruim de vocês".

Com certeza os ladrões sabiam exatamente o que estavam roubando e seu valor, e realizaram a ação rapidamente. Ao todo, a operação levou apenas 50 segundos; e sua recuperação, por sua vez, se mostrou bem mais complicada.

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Galeria Nacional da Noruega, em Oslo / Crédito: Foto por Bjørn Erik Pedersen pelo Wikimedia Commons

Buscas

Logo após o roubo, a polícia norueguesa iniciou uma operação policial em parceria com a polícia britânica (SO10) e o Museu Getty, dos Estados Unidos. Além disso, outros grupos tentaram se mobilizar, mesmo que, na prática, não pudessem fazer muito.

Por exemplo, um grupo antiaborto disse que poderia devolver o quadro se a televisão do país exibisse um filme antiaborto; o que logo se mostrou como uma falácia. O governo norueguês também recebeu um pedido de resgate em março daquele ano, em um valor de um milhão de dólares, mas recusou-se a pagar devido à ausência de provas de que era um pedido genuíno.

Porém, uma figura foi extremamente crucial para a recuperação da obra, mesmo que demorada: Charles Hill.

Charles Hill

Nascido em 1947 em Cambridge, na Inglaterra, Charles Hill teve uma vida com várias camadas. Lutou na Guerra do Vietnã ao lado dos Estados Unidos, servindo como paraquedista, formou-se em história e em teologia, passando por instituições como a Universidade George Washington, o Trinity College, de Dublin, e o King’s College, em Londres, e posteriormente ingressou na Polícia Metropolitana de Londres.

Foi na polícia que ele se envolveu e colaborou com a recuperação de 'O Grito', sem mencionar outras obras icônicas de importantes artistas, incluindo Ticiano, Paul Cézanne, JMW Turner e Goya, tornando-se um grande investigador que solucionava roubos de obras de arte.

Investigação

Enquanto Hill trabalhava para o Art Squad, da elite da Scotland Yard, ele disfarçou-se como um representante da Galeria Nacional da Noruega, e marcou um encontro com alguém que, como ele mesmo classificou em entrevista à Vice em 2018, era "um negociante de arte desonesto conhecido pelos ladrões".

Foi nesse encontro que ele pôde ver pessoalmente a pintura, e rapidamente retornou para seu hotel em Oslo. Em sequência, telefonou para a polícia norueguesa, que encontrou o quadro em Nittedal, um subúrbio ao norte de Oslo, e prendeu o traficante. A pintura foi recuperada definitivamente no dia 7 de maio de 1994 — bem depois até mesmo do fim das Olimpíadas.

Conforme apurado pela equipe Aventuras na História, em janeiro de 1996, quatro homens foram condenados por serem conectados ao roubo. Entre eles estava Pål Enger, que já havia sido indiciado anteriormente, em 1988, por ter roubado o quadro 'Amor e Dor' (também chamado na Noruega de 'A Vampira'), também de Munch.

'Amor e Dor', de Edvard Munch / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Fim das histórias

Após ser detido, Paal Enger foi sentenciado a cumprir pena de seis anos e meio na prisão, porém, conseguiu escapar durante uma viagem pelo campo. As autoridades conseguiram recapturá-lo 12 dias depois, enquanto tentava comprar uma passagem de trem para Copenhague, capital da Dinamarca — disfarçando-se com uma peruca loira e óculos escuros.

Charles Hill seguiu com sua vida comum, e se aposentou da Scotland Yard em 1996; embora tenha seguido trabalhando até morrer, para uma companhia de seguros e depois como detetive particular. Até que, em 20 de fevereiro de 2021, faleceu em um hospital em Londres, aos 73 anos, vitimado por um ataque cardíaco.