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Matérias / Arte

'O Grito': O que explicaria as cores intensas do céu pintado por Edvard Munch?

Um dos principais exemplos de Arte Expressionista, 'O Grito' pode ter exuberante céu inspirado na realidade; entenda!

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 26/08/2023, às 11h00 - Atualizado em 28/08/2023, às 10h19

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Quadro 'O Grito' e seu pintor, o norueguês Edvard Munch - Domínio Público via Wikimedia Commons
Quadro 'O Grito' e seu pintor, o norueguês Edvard Munch - Domínio Público via Wikimedia Commons

Uma das obras de arte mais famosas do mundo, 'O Grito' foi pintada em 1893 pelo norueguês Edvard Munch. Representando uma figura andrógena em um estado de profunda angústia e desespero, a obra tornou-se não só a principal produção associada ao artista, como também ao movimento artístico do Expressionismo.

Entretanto, apesar de todos os significados sombrios associados à obra, um elemento que chama bastante atenção é o céu, com cores quentes e intensas. O que poucos imaginam, porém, é que a decisão das cores tenha uma razão simples: aquele céu seria real. Mas afinal, como isso seria possível?

'O Grito' (1893), de Edvard Munch
'O Grito' (1893), de Edvard Munch / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Fenômeno atmosférico

Em 2017, como repercutido pela BBC, um grupo de pesquisadores noruegueses propôs uma teoria de que as fascinantes linhas vermelhas, presentes no céu de 'O Grito' são, provavelmente, a forma adotada por Munch para representar um tipo de nuvem considerado raro, mas que surge de tempos em tempos no norte da Europa: as nuvens estratosféricas polares.

Esse tipo de formação, que ocorre em altitudes entre 15 mil e 25 mil metros e sob condições atmosféricas muito específicas, provocam cores belíssimas no céu, e especialmente visível no amanhecer ou depois do entardecer, quando o Sol pode ser visto no horizonte. Conforme garantem os cientistas responsáveis pela nova teoria, essas nuvens podem provocar ainda grande impacto naqueles que as veem pela primeira vez.

"Hoje em dia, o público tem à disposição muito mais informações científica do que naquela época, e Munch com certeza nunca tinha visto estas nuvens", explica a pesquisadora Helene Muri, da Universidade de Oslo, na Noruega, que apresentou o estudo. 

Como artista, não há dúvidas de que elas poderiam ter deixado Munch impressionado", acrescenta.
Nuvens estratosféricas polares registradas em 2014 sob o céu de Oslo, capital da Noruega
Nuvens estratosféricas polares registradas em 2014 sob o céu de Oslo, capital da Noruega / Crédito: Foto por Havardtl pelo Wikimedia Commons

Nuvens estratosféricas polares

O evento que Edvard Munch pode ter vivido capaz de provocar a coloração que inspirou o céu de 'O Grito', conforme aponta o estudo, pode ter sido resultado da forte erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, que ocorreu nove anos antes da concepção da obra. Uma das maiores erupções já registradas na História, os gases e cinzas foram responsáveis por criar fins de tarde chamativos em algumas partes do mundo.

Segundo os pesquisadores, as formas pintadas por Munch parecem mais com as nuvens estratosféricas polares do tipo 2, produzidas não só sob grandes altitudes — entre 15 e 20 km, no caso —, como também dependem de um alto grau de umidade e temperaturas entre -80ºC e - 85ºC.

No caso da região onde 'O Grito' se passa, ainda pode ter ocorrido uma corrente atmosférica sobre as montanhas, que também contribuiria para a formação das nuvens, visto que carregaria gotas de umidade, estas que se transformariam, no céu, em minúsculos cristais.

Essas cores únicas são criadas pela combinação da dispersão, a difração e refração da luz solar através dos pequenos cristais de gelo", disse, por fim, Helene Muri.