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Matérias / União Soviética

Perseguição e terror: os médicos que foram acusados de conspiração contra a URSS

Entre os anos de 1951 e 1953, o líder soviético Josef Stalin perseguiu profissionais, em grande maioria judeus, suspeitando de sabotagem

Pamela Malva Publicado em 19/03/2021, às 08h00

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Josef Stalin, líder da União Soviética - Wikimedia Commons
Josef Stalin, líder da União Soviética - Wikimedia Commons

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo estava se recuperando de um conflito que deixaria cicatrizes. Foram anos de desenvolvimento tecnológico, mas também passamos por momentos de luto pelos milhões de vítimas da batalha.

A partir de 1951, no entanto, Josef Stalin deu início a mais um período de repressão, dessa vez contra médicos majoritariamente judeus, em Moscou. Acusados de conspiração contra os soviéticos, os profissionais seriam perseguidos até 1953.

Há quem diga que, apesar da clara coibição dos especialistas, os planos de Stalin, na verdade, eram ainda maiores. Começava, então, o episódio conhecido como o caso dos "médicos sabotadores", ou "médicos assassinos".

Retrato de Stalin em 1937 / Crédito: Wikimedia Commons

Carta de repúdio

Tudo começou quando Mikhail Ryumin, investigador do Ministério de Segurança do Estado (MGB) suspeitou das motivações do professor Yakov Etinger. Preso como nacionalista burguês, ele era acusado de participação no Comitê Antifascista Judaico.

Em 1951, então, Mikhail enviu uma carta ao seu superior, Viktor Abakumov, ministro do MGB, acusando o professor. Na nota, o investigador afirmava que Yakov sido negligente no tratamento de Andrei Zhdanov e Alexander Shcherbakov, a fim de matá-los. Na posição de liderança, contudo, Abakumov não acreditou nas acusações.

Descontente e com a ajuda de Georgy Malenkov, Mikhail decidiu escrever diretamente para Stalin. Na carta, ele não só criticou o professor Yakov, como ainda acusou o ministro do MGB de acobertar as supostas conspirações. Em 4 de julho, foi decidido por um comitê que o problema seria investigado a fundo.

Retrato de Mikhail Ryumin, Investigador do MGB / Crédito: Wikimedia Commons

Busca e perseguição

Já formada uma comissão que relataria as descobertas, o comitê de Stalin aprovou que existia uma "má situação na MGB" e Abakumov foi rapidamente demitido. Preso e torturado, ele foi acusado de proteger os médicos judeus considerados criminosos.

Logo depois do ex-ministro, outros agentes do MGB foram presos, a grande maioria era composta por judeus. Em um primeiro momento, cerca de 30 pessoas foram levadas ao cárcere. Logo, contudo, o número se transformou em centenas.

Nas mãos dos oficiais da cadeia, os prisioneiros eram constantemente torturados, obrigados a produzir provas contra eles mesmos. As prisões, todavia, não eram suficientes para Stalin, que estava realmente irritado com a situação.

Carta do Ministro do Interior e condecoração da Ordem de Lenin por "desmascarar médicos assassinos" / Crédito: Wikimedia Commons

Propaganda e mídia

A fim de desmascarar os médicos traidores de uma vez por todas, Stalin ordenou que algumas agências de notícias publicassem reportagens sobre a conspiração. Assim, TASS e Pravda, por exemplo, tiveram de produzir grandes matérias sobre os casos.

Quando nove médicos de Moscou foram acusados de envenenar membros da liderança militar soviética, por exemplo, a Pravda fez algumas acusações. No final, a manchete foi: “Espiões e assassinos cruéis sob a máscara de médicos acadêmicos".

Durante todo o período, então, centenas de terapeutas e profissionais de diversas especialidades foram perseguidos. E o pior: a propaganda stalinista os representava como burgueses desmascarados, pessoas que faziam mal para a nação.

Imagem meramente ilustrativa de uma das edições do jornal Pravda, publicada em 1941 / Crédito: Wikimedia Commons

Fim de um pesadelo

Pouco antes de sua morte, Stalin ainda pretendia denunciar diversos judeus em uma carta que nunca foi publicada. Na nota, ele ainda desejava explicar as diferenças entre os judeus soviéticos, fiéis à URSS, e os judeus envolvidos na conspiração.

Logo depois da morte do líder soviético, contudo, todas as acusações feitas durante os anos de perseguição foram finalmente descartadas. Em decreto emitido em 31 de março de 1953, Lavrentiy Beria fez questão de exonerar todos os médicos.

Diversos autores, então, passaram a sugerir que o caso dos médicos sabotadores era apenas o começo de uma repressão ainda maior contra judeus. Louis Rapoport e Roman Brackman, por exemplo, sugeriram que centenas de judeus seriam deportados ou assassinados caso Stalin realmente conseguisse colocar seus planos em ação.

Em 1956, o Primeiro Secretário Nikita Khrushchev afirmou que a perseguição não se passou de uma trama fabricada, “montada por Stalin”. Segundo ele, os médicos só conseguiram escapar porque o líder soviético não teve tempo o suficiente.


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