Na série, as próteses transmitem sensações aos nervos – o que já é real - divulg.

Arqueologia do Futuro - Ghost in the Shell

Série japonesa foi visionária – ainda que talvez um pouco apressada

Fabio Marton Publicado em 06/07/2016, às 12h40 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

Se você é do tipo que fica com urticária ao ouvir as palavras mangá e animê, essa é uma oportunidade para rever seus conceitos. A série de ficção científica iniciada em 1989 por Masamune Shirow não pode ser definida como nada menos que visionária. Ghost in the Shell quer dizer, literalmente, “fantasma na casca” – uma tradução melhor seria “na carcaça”. O título se refere à ideia, presente na série, de que pessoas têm um espírito (o fantasma), e mesmo se 99% de seu corpo e cérebro (a carcaça) forem substituídos por máquinas, continuam a ser pessoas. A protagonista, a agente de crimes cibernéticos Motoko Kusanagi, teve o corpo quase inteiro substituído por tecnologia, e ainda é considerada humana.
A história se passa em 2030 – mas não vai ser tão cedo que teremos uma singularidade tecnológica como na ficção. Isto é, o conceito de humanidade, a diferença entre gente e máquina, começa a deixar de fazer sentido, com a diferença se agarrando num conceito místico como espírito. 
Como quase toda ficção científica, Ghost in the Shell não fala sobre o celular, um aparelho que faz tudo o que os implantes cerebrais do gênero cyberpunk prometiam, sem precisar se arriscar em uma cirurgia. Internet, como era comum nas previsões dos anos 1980, é pura realidade virtual – hoje usada só para videogames. E, por ser série japonesa, não poderiam faltar os mechas, os robôs com pernas. Essa foi na trave: o Big Dog da Boston Dynamics, robô de carga militar desenvolvido na década passada, funciona perfeitamente, mas foi vetado pelo Pentágono por ser barulhento. 
Agora, em acertos, temos várias coisas que ainda são protótipos, mas até 2030 podem estar por aí. Os membros de Kusanagi não são movidos por motores elétricos, mas músculos artificiais – uma das mais promissoras tecnologias emergentes. A equipe de Kusanagi é capaz de se tornar invisível, o que também está sendo desenvolvido – no Japão, inclusive. Por enquanto, depende de projetores externos. Ciborgues já são reais, até com a capacidade de próteses transmitirem sensações aos nervos – ainda que, por ora, não seja coisa que dê pra comprar na loja de material ortopédico da esquina e nada indica que alguém irá trocar o próprio braço por uma prótese. Inteligências artificiais capazes de ser confundidas com humanos já estão à porta: ano passado, um robô de chat (isto é, só um programa) passou no Teste de Turing, fazendo com que o tomassem por uma pessoa. E androides, robôs humanoides, ainda são feiosos, mas, se depender do Japão, devem estar à venda em lojas de eletrodomésticos até 2030. 
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