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Esperança para Ruanda

Devastado pelo genocídio, o país começa a integrar as duas etnias rivais

Fred Linardi Publicado em 18/12/2009, às 05h31 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

Em 1994, Ruanda protagonizou a carnificina mais rápida desde os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, de 1945. Líderes da etnia hutu comandaram um genocídio que matou 800 mil pessoas do povo tutsi em 100 dias. Seguiu-se um intenso movimento de emigração. Agora, 15 anos depois dessa tragédia, os inimigos estão voltando para casa e aprendendo a conviver no pequeno país centro-africano, de área pouco maior que a de Israel.

Uma medida simples reduziu as tensões. Nos últimos meses, 500 guerrilheiros da FDLR (Forças Democráticas de Liberação de Ruanda) passaram a viver em campos de desmobilização. Outro avanço foi a prisão, em janeiro, de Laurent Nkunda, ex-líder da insurgência tutsi no Congo.

As duas etnias são um desastroso mal-entendido histórico. Colonizada pelos belgas a partir de 1916, Ruanda foi dividida em dois grupos inventados com base na estatura, nos traços faciais e na cor da pele. A maioria hutu passou a ser tratada como inferior à elite tutsi. Começou então uma escalada de violência, que atingiu o auge em 1994. Nos últimos anos, o presidente Paul Kagame tomou medidas de reconciliação, como o cancelamento dos carimbos que indicavam a etnia nas carteiras de identidade. "Muitos tutsis e hutus já convivem pacificamente em pequenas cidades e áreas rurais", diz Alexandre dos Santos, professor da PUC-RJ e especialista no país. Desta vez, o país parece caminhar para uma trégua sólida.

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