Pintura da imperatriz Amélia de Leuchtenberg - Wikimedia Commons
Brasil

A impressionante múmia da imperatriz consorte Amélia, o último amor de Dom Pedro I

Ao exumarem os restos da soberana, pesquisadores se identificaram com um impressionante estado de preservação

Caio Tortamano Publicado em 21/03/2020, às 06h00

Depois da morte de Dom Pedro I, Amélia de Leuchtenberg ficou viúva do imperador brasileiro, optou por voltar para Portugal. Morando no Palácio das Janelas Verdes, sua vida se baseava em obras de caridade e na educação da filha, Maria Amélia .

Passaram boa parte do tempo na Europa tentando ser reconhecidas como membros da família real portuguesa, mas nem os lusitanos, nem os brasileiros — que, no momento tinham um imperador menor de idade (D. Pedro II) e um temor de como a coroa iria reagir a um suposto retrocesso — aceitavam os pedidos, que tinham como objetivo conquistar o direito a uma pensão para mãe e filha.

Com D. Pedro II atingindo a maioridade, as duas conseguiram o tão almejado reconhecimento. A boa relação que dividiam com o imperador, fez delas membros da família imperial do Brasil. Mesmo assim, continuaram na Europa, e acabaram morando em Funchal até a morte da sua filha, que estava com tuberculose. A morte de Maria abalou Amélia, que viveu seus últimos anos sozinha, em Lisboa, até morrer aos 60 anos, em 1873.

Em 2012, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo exumaram, pela primeira vez, o corpo da antiga imperatriz. Poderia ser somente mais um trabalho histórico, se não fosse por um fato intrigante: Dona Amélia estava mumificada, e vários de seus órgãos estavam preservados.

Até então, esse era um detalhe completamente desconhecido de sua história, e não constava em nenhum registro — o que pode indicar que tenha sido um processo acidental. A pesquisadora Validerene Ambiel, responsável pela pesquisa, afirmou que pode ter sido um “acidente de percurso”, já que o corpo dela teve que ficar em conservação por alguns dias para o funeral.

Múmia de Dona Amélia / Crédito: Divulgação/Beatriz Monteiro

 

Seus restos mortais foram levados para Monumento à Independência em 7 de abril de 1982, mas foi somente neste século que ele foi estudado a fundo. Pele e órgãos internos estavam intactos, e seus cabelos, cílios, unhas, globos oculares e o útero em ótimo estado de conservação.

Nada de mistério

Foi encontrado em sua jugular uma incisão de aromáticos (cânfora e mirra), que serviram para inibir o cheiro da decomposição que poderia surgir no processo do velório. Isso, segundo a pesquisa, ajudou a inibir o processo de decomposição da imperatriz.

Outro fato que ajudou na sua preservação, foi o lacramento hermético de seu caixão — impedindo a passagem de ar, completamente velado — fazendo com que microrganismos e bactérias externas deteriorassem o cadáver imperial.

Detalhe das mãos da múmia / Crédito: Divulgação/Beatriz Monteiro

 

A ordem dela foi direta quanto ao seu velório: queria algo simples. Enterrada com um vestido preto (já que ainda estava de luto pelo falecido marido), parece irônico que ela tenha se tornado uma das mais bem preservadas múmias do país.

Ambiel é autora dos Estudos de Arqueologia Forense aplicados aos remanescentes humanos dos primeiros imperadores do Brasil depositados no monumento à Independência, que pode ser acessado gratuitamente aqui.


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