Por mais de 60 anos, restos mortais do regime segregacionista dos Estados Unidos permaneceram esquecidos embaixo do concreto
Vanessa Centamori Publicado em 04/03/2020, às 15h30
Por muitos anos, o asfalto de um estacionamento no estado norte-americano da Flórida escondeu os restos mortais de vítimas da longa história de opressão racial dos Estados Unidos. A situação veio à tona somente recentemente, quando radares e cães farejadores revelaram a existência de 44 túmulos provenientes de um antigo cemitério afro-americano.
As sepulturas foram descobertas graças aos esforços de funcionários da clínica privada de arqueologia Cardno, no distrito escolar Pinellas County Schools. Os especialistas acreditam que os jazigos foram esquecidos e deixados para trás em 1954, quando cerca de 350 túmulos do cemitério foram removidos para dar lugar à uma piscina e à uma escola.
Em comunicado, a Cardno informou que os túmulos chegam a ter até 1,8 metros de profundidade. Além dos 44 detectados, pode haver ainda outros sepultros ainda não descobertos.
O sucesso das expedições em busca dos restos mortais perdidos ainda irá depender se a empresa irá conseguir permissão para validar os achados realizados com o radar. O plano serão então começar a escavar a fundo, próximo o suficiente dos túmulos para identificá-los, mas sem tocá-los.
A previsão é que até o fim de março novos resultados sejam divulgados. A região da Baía de Tampa, onde o estacionamento está localizado, é rica em descobertas arqueológicas: já é a terceira vez que sepulturas afro-americanas são achadas nos arredores. Em agosto do ano passado, 300 caixões da era segregacionista foram encontrados embaixo de prédios pertencentes à Tampa Housing Authority.
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