Imagem de uma das esculturas conhecidas como 'Bronzes de Benin' - Foto por Mike Peel pelo Wikimedia Commons
Arqueologia

Bronze usado em famosas esculturas africanas possui origem surpreendente

Conjunto de mais de mil peças de bronze, conhecido como "Bronzes de Benin", sempre foi envolto em mistério sobre a origem do metal; confira!

Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 11/04/2023, às 09h59 - Atualizado em 14/04/2023, às 19h55

Os 'Bronzes de Benin' representam um conjunto de mais de mil obras comemorativas feitas de bronze da África Ocidental, produzidas com os formatos de cabeças, placas e até estatuetas, entre os séculos 16 e 19 pelo povo Edo, que vivia onde hoje se encontra a Nigéria. E, recentemente, pesquisadores fizeram uma descoberta muito surpreendente em torno dessas obras.

Segundo repercutido pela Revista Galileu, até não muito tempo atrás acreditava-se que o bronze — uma liga metálica geralmente feita com uma mistura de cobre e estanho, zinco ou alumínio — utilizado nas obras era obtido a partir de pequenos anéis de latão, conhecidos como manilhas, que eram amplamente utilizados como moeda de troca na região. Porém, novos estudos revelaram que o material era originário, na verdade, de onde hoje se encontra a Alemanha.

Coleção de alguns 'Bronzes de Benin' / Crédito: Foto por Bullenwächter pelo Wikimedia Commons

 

Origem do bronze

Para determinar a origem do bronze utilizado nas obras africanas, pesquisadores da Universidade de Tecnologia Georg Agricola analisaram quimicamente 67 manilhas recuperadas de cinco naufrágios do Atlântico e três locais terrestres na Europa e na África. Então, a partir da identificação das assinaturas de isótopos de chumbo, foi possível estabelecer uma relação entre aquele metal e o presente em outras peças anteriores ao século 18 — como, inclusive, manilhas usadas no comércio português.

Assim, conforme divulgado no estudo publicado na PLOS ONE, as composições de oligoelementos das manilhas africanas e européias indicaram grande compatibilidade com os minérios encontrados onde hoje fica a Renânia, uma região da Alemanha Ocidental. Ou seja, a origem do material utilizado nos 'Bronzes de Benin', até então desconhecida e realmente um mistério, seria das terras germânicas.

O latão usado para as obras-primas — há muito pensado vir da Grã-Bretanha ou dos Flandres — foi extraído do oeste do país. As manilhas eram então embarcadas por mais de 6.300 quilômetros até o Benim", explicou, em nota à imprensa, o líder da pesquisa, Tobias Skowronek.

No comunicado, Skowronek também destaca que essa é a primeira vez que foi estabelecida cientificamente uma prova de que o bronze africano tinha origem alemã: "Os Bronzes de Benim são as obras de arte antigas mais famosas de toda a África Ocidental. De onde veio o bronze deles tem sido um mistério. Finalmente, podemos provar o totalmente inesperado."

No momento, o projeto tem como objetivo analisar outras mercadorias dessa época a fim de compreender mais detalhes sobre o comércio atlântico inicial. Agora, porém, os cientistas envolvidos trabalham com a ideia de que as manilhas portuguesas provavelmente não eram a única fonte metal para a confecção dos 'Bronzes de Benin', e por isso ainda existem muitas perguntas a serem respondidas.

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