Fotografia da explosão da bomba nuclear em Hiroshima, e imagem ilustrativa do Sistema Solar - Domínio Público via Wikimedia Commons / Imagem de WikiImages pelo Pixabay
Ciência

Detritos da bomba de Hiroshima podem esclarecer a formação do Sistema Solar

Estudo a partir dos "vidros de Hiroshima" pode fornecer novas noções sobre a formação e as origens do Sistema Solar; entenda!

Éric Moreira Publicado em 04/03/2024, às 09h45

Recentemente, pesquisadores fizeram uma análise da composição de detritos remanescentes da bomba atômica que devastou a cidade de Hiroshima, no Japão, em 6 de agosto de 1945, nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial. Segundo o estudo, publicado em 15 de janeiro de revista Earth and Planetary Science Letters, essas observações podem fornecer novos dados sobre a formação do Sistema Solar.

Segundo a revista Galileu, os resquícios analisados, pequenas esferas semelhantes a vidro conhecidas como "vidros de Hiroshima", pode nos ajudar a compreender melhor como se deu a formação do nosso Sistema Solar como o conhecemos. Esses objetos teriam se formado dentro da "bola de fogo" provocada pela explosão nuclear.

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Emblemática fotografia da explosão nuclear sobre a cidade de Hiroshima, no Japão / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Porém, a partir de uma análise mais minuciosa, perceberam que essa formação poderia se assemelhar com a formação de inclusões ricas em cálcio e alumínio associadas a meteoritos primitivos. Estas, por sua vez, seriam os primeiros sólidos do Sistema Solar, que formariam os planetas que conhecemos.

De maneira simples, o que os autores do estudo apontam é que os vidros de Hiroshima se originaram de um processo de rápida condensação (entre 1,2 e 5,5 segundos) ocorrido a uma temperatura super elevada (entre 720 e 3000 ºC) dentro da bola de fogo a partir da bomba atômica. Dessa forma, os "vidros de Hiroshima" podem ter se formado em um processo semelhante à formação dos meteoritos primitivos.

Formação

Segundo o estudo, o concreto e o aço dos prédios destruídos com a explosão foram queimados com o calor extremo e, em seguida, rapidamente resfriados e misturados com outros componentes, como areia, água e gases da atmosfera, formando assim os "vidros de Hiroshima". Eles até podem possuir composições diferentes em algumas ocasiões, mas todos possuem um aspecto em comum: composições peculiares de oxigênio e silício.

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Esse aspecto em específico foi o que chamou a atenção dos cientistas. Isso porque inclusões ricas em cálcio e alumínio encontradas em meteoritos primitivos possuem muitos isótopos de oxigênio-16, que, até então, acredita-se que se formem a partir da condensação de poeira interestelar com gases de nebulosas que se liquidificam e, posteriormente, solidificam.

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Exemplos de vidros de Hiroshima vistos em microscópio / Crédito: Divulgação/Asset et al, 2024

 

No caso, a hipótese nunca foi muito estudada, mas os resquícios de Hiroshima podem ajudar a aprofundar essas pesquisas. Ainda assim, é reconhecido pelos pesquisadores que existem várias diferenças entre o caso de Hiroshima e do Sistema Solar, como características de pressão, temperatura, duração e misturas gasosas. Porém, as semelhanças ainda podem ajudar na compreensão de como se dão as reações químicas no processo de condensação.

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