Imagem ilustrativa - Pixabay
Ciência

Enzima capaz de decompor plástico em horas em vez de séculos é desenvolvida

A expectativa é que a criação possa ajudar a diminuir os impactos de setores industriais no meio ambiente

Isabela Barreiros Publicado em 04/05/2022, às 09h46

Cientistas e engenheiros da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, desenvolveram uma enzima que é capaz de decompor em menos de 24 horas plásticos que levariam séculos para se degradarem sozinhos na natureza.

De acordo com o novo estudo, publicado no último mês na revista científica Nature, a nova variante de enzima FAST-PETase degradou o tereftalato de polietileno (PET), polímero que forma embalagens de biscoitos, garrafas de refrigerantes, algumas fibras e tecidos.

A expectativa dos especialistas para a criação é alta visto que ela pode ajudar a diminuir os impactos de uma série de setores industriais no meio ambiente. A PET, por exemplo, é cerca de 12% do lixo do mundo e poderia ser decomposta mais facilmente pela enzima.

Na pesquisa, um modelo tecnológico de aprendizado em máquina foi responsável por gerar mutações da enzima natural PETase, que degrada o plástico PET com a ação de bactérias. A partir daí, foi possível prever quais enzimas conseguiriam chegar ao objetivo mais rápido.

As enzimas naturais devem despolimerizar, o que significa que elas devem ser capazes de decompor rapidamente os materiais plásticos em temperaturas baixas. Assim, observou-se que a FAST-PETase quebrou o plástico em moléculas menores e o juntou quimicamente.

A enzima FAST-PETase / Crédito: Divulgação/Hal S. Alper et.al 

 

O surpreendente foi que isso aconteceu em menos de 24h em alguns casos testados durante o estudo, que contou com experimentos em mais de 51 embalagens descartadas, assim como garrafas PET, tecidos e fibras de poliéster.

Hal Alper, professor líder do estudo, destacou ainda que o processo foi feito em uma temperatura de menos de 50º, fator importante porque torna a reciclagem viável em grande escala industrial, como reportou a revista Galileu.

“Ao considerar aplicações de limpeza ambiental, você precisa de uma enzima que possa funcionar no ambiente à temperatura ambiental”, explicou o pesquisador em nota. “Esse requisito é onde nossa tecnologia tem uma enorme vantagem no futuro.”

Ele continuou: “Além da óbvia indústria de gerenciamento de resíduos, isso também oferece às empresas de todos os setores a oportunidade de liderar a reciclagem de seus produtos. Por meio dessas abordagens enzimáticas mais sustentáveis, podemos começar a vislumbrar uma verdadeira economia circular de plásticos”.

ciência História notícia Decomposição reciclagem plástico enzima

Leia também

A saga do Mausoléu de Halicarnasso, uma das sete maravilhas do mundo antigo


Pesquisadores recriam em 3D rosto de mulher neandertal de 75 mil anos atrás


Maldição por trás da abertura da tumba de Tutancâmon é desvendada


Pesquisadores relacionam descobertas na Cidade de Davi a evento bíblico


Mistério mesopotâmico de 2,7 mil anos pode ter sido desvendado


Arte original de capa do primeiro 'Harry Potter' será leiloada