Reconstrução digital do Kwatisuchus rosai - Divulgação/Márcio Castro
Paleontologia

Fóssil de grande anfíbio mais antigo que dinossauros é descoberto no RS

Descoberta do Kwatisuchus rosai, anfíbio gigante que parece crocodilo e é "mais antigo que dinossauros" pode colocar em dúvidas o que se sabe sobre a Pangeia

Éric Moreira Publicado em 23/01/2024, às 08h18

Recentemente, foi encontrado em meio às rochas de uma fazenda do município de Rosário do Sul, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, um fóssil que pode mudar muito do que se sabe não só sobre a evolução das espécies, como até mesmo a compreensão da evolução do supercontinente Pangeia até os dias de hoje. Identificado como sendo "mais antigo que os dinossauros", o fóssil era o crânio de um antigo anfíbio gigante.

Analisado por pesquisadores do Laboratório de Paleobiologia do Campus São Gabriel da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), os estudiosos apontam que a descoberta aponta uma possível conexão entre a fauna dos pampas gaúchos e da Rússia, o que levanta dúvidas sobre o que se sabia sobre o movimento da Pangeia. 

Segundo o G1, os restos mortais do anfíbio foram localizados em agosto de 2022 e, após uma longa etapa de análise e datação, foi concluído que aquele animal teria vivido há cerca de 250 milhões de anos, no início do Período Triássico. A espécie foi chamada de Kwatisuchus rosai — "Kwai" sendo uma referência em Tupi ao seu focinho comprido, e "rosai" uma homenagem ao paleontólogo Átila Stock Da-Rosa, da Universidade Federal de Santa Maria, pioneiro na área.

Conforme pontuaram os autores da pesquisa, que integra um projeto do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, o anfíbio descoberto chama atenção por seu tamanho: como muitos outros animais do Triássico, ele era bastante grande, sendo bastante semelhante em aparência e modo de vida a um crocodilo moderno. 

"Nesse tempo, havia, por exemplo, grupos terrestres de quatro patas, anfíbios e peixes. No final do Triássico tinha algumas espécies de dinossauros, mas não como as do Jurássico, período posterior ao Triássico", descreve a pesquisadora e doutora em ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Arielli Machado, ao g1. Possivelmente, o Kwatisuchus rosai tenha originado os anfíbios modernos, como sapos, salamandras e cobras-cegas.

Trata-se de uma espécie completamente nova do grupo dos anfíbios temnospôndilos. Ele tem corpo comprido. Passava a maior parte na água e tinha um estágio girino, como os atuais anfíbios", conta Felipe Pinheiro, professor da Unipampa e doutor em paleontologia.
Crânio do Kwatisuchus rosai / Crédito: Divulgação/Felipe Pinheiro

 

Animal russo?

Embora a simples descoberta do animal seja surpreendente por si só, outro fator que surpreendeu a equipe de pesquisa foi sua ocorrência no meio da América do Sul. Isso porque, até então, acreditava-se que ele só poderia ser encontrado na Rússia, ainda de acordo com Felipe Pinheiro. Com isso, percebe-se uma intrigante relação entre a fauna do pampa do Rio Grande do Sul e da Rússia.

"Isso é muito estranho, que os nossos animais se pareçam mais com os animais russos do que com os sul-africanos – os quais estavam muito mais próximos", destaca Pinheiro. Ele ainda pontua que, a partir disso, a conexão entre os animais pode nos "mostrar que nossas hipóteses sobre a geografia do supercontinente Pangeia estão inacuradas."

+ Gondwana: O supercontinente extinto que liga Brasil, África e o futebol

As evidências de conexões entre as faunas brasileira e russa mostram que ainda temos muito a aprender sobre geografia e a distribuição dos organismos naquele passado remoto."
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