Restos humanos indicam prática de canibalismo na Europa há 15 mil anos - Divulgação/The Trustees of the Natural History Museum
Canibalismo

Há 15 mil anos, canibalismo era uma prática comum em funerais na Europa

Novo estudo publicado na revista Quaternary Science Reviews aponta que diversas populações humanas europeias comiam seus mortos

Giovanna Gomes Publicado em 05/10/2023, às 13h48

Alguns grupos humanos que habitavam a Europa há 15 mil anos comiam seus mortos. É o que diz um novo estudo publicado na revista Quaternary Science Reviews, divulgado nesta quarta-feira, 4. É importante destacar que esses grupos não praticavam canibalismo por necessidade alimentar, mas sim como parte de práticas rituais.

Os pesquisadores examinaram ossos humanos datados dessa época em todo o continente europeu e encontraram evidências de marcas de corte, fraturas e até sinais de mastigação humana.

Esses vestígios foram associados à cultura Magdaleniana, que também estava presente na Caverna de Gough, um sítio paleolítico no sudeste da Inglaterra famoso pela descoberta de crânios humanos de 15 mil anos, moldados de maneira peculiar, e ossos que mostravam sinais de terem sido manipulados por outros humanos.

Segundo a revista Galileu, a prática de canibalismo, no entanto, não se limitava à Caverna de Gough. Pelo contrário, ela era possivelmente compartilhada por outros grupos humanos no final do período Paleolítico Superior.

Silvia Bello, especialista do Museu de História Natural de Londres e membro da equipe de pesquisa, afirmou que "em vez de enterrar seus mortos, essas pessoas estavam os comendo." Isso fazia parte de um "comportamento funerário difuso entre os grupos magdalenianos." Contudo, o canibalismo eventualmente deu lugar ao enterro tradicional, praticado por membros de outra cultura conhecida como "epigravetianos".

Compreendendo o fenômeno

Para uma compreensão mais abrangente desse fenômeno, William Marsh, um pesquisador do Museu de História Natural de Londres, revisou sítios arqueológicos em toda a Europa relacionados às culturas magdaleniana e epigravetiana. Ele identificou 59 locais datados desse período, dos quais dois apresentavam evidências tanto de enterro quanto de canibalismo.

Os cientistas também realizaram análises genéticas dos restos mortais encontrados na Europa e descobriram que os grupos que praticavam diferentes rituais funerários eram geneticamente distintos.

O grupo "GoyetQ2", associado à região da fronteira entre a França e a Espanha, estava envolvido no canibalismo, enquanto a ancestralidade "Villabruna" era composta por indivíduos da região ítalo-balcânica que praticavam enterros convencionais.

Esses achados sugerem que a transição do canibalismo para os enterros mais tradicionais não ocorreu por meio da disseminação de ideias, mas sim pela substituição de populações. Os pesquisadores planejam realizar estudos adicionais para entender se os indivíduos canibalizados eram parentes ou estranhos dentro de seus grupos e continuar a explorar os rituais funerários antigos na Europa que envolviam o canibalismo.

+ Confira aqui o estudo completo.

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