Carlos II, rei da Espanha, foi chamado de "O Enfeitiçado" por suas deformações advindas causadas pelo incesto - Reprodução
Curiosidades

Estudo revela mais de 13 mil casos de incesto no Reino Unido

Criado para estudar as relações entre o DNA e a chance de desenvolver determinadas doenças, o Biobank acabou encontrando um dado perturbador

Vinícius Buono Publicado em 05/09/2019, às 16h00

Em 2006, foi criado, no Reino Unido, o Biobank, um gigantesco banco de dados genéticos fornecidos voluntariamente pelas pessoas do país a fim de estudar a relação entre o DNA e a probabilidade de desenvolver certas doenças.

O que ninguém esperava é que os dados fossem mostrar que mais de 13 mil britânicos são fruto de endogamia — ou, de maneira bruta, incesto.

Pesquisadores australianos da Universidade de Queensland encontraram 125 casos de pessoas fruto de relações incestuosas entre as pouco mais de 450 mil analisadas, de idades entre 40 e 69 anos. Extrapolando os dados para toda a população do Reino Unido, o número total ficaria em torno de 13.200.

O estudo teve como foco somente as situações onde a consanguinidade é extrema, ou seja, parentes de primeiro e segundo grau como irmãos, avós e tios. Primos não foram levados em consideração, já que, em muitos lugares, não é legalmente considerada uma relação incestuosa.

A endogamia traz consequências adversas aos descendentes, tanto mental quanto fisicamente. Na história, ficou famoso o Maxilar de Habsburgo, uma formação da mandíbula que a deixa proeminente. Recebeu esse nome graças à famosa casa real europeia, que realizou tantos casamentos entre parentes próximos que Carlos II da Espanha (foto) nasceu infértil e isso lhes custou o trono do país.

Para encontrar essas agulhas nesse enorme palheiro celular, os pesquisadores buscaram homozigose, ou AA / aa pra quem lembra das aulas de genética do colégio. Quando o gene é igual, significa que veio de ambos os pais, e isso é comum. Se passa de 10% de homozigose no DNA, no entanto, a causa provavelmente é o incesto.

O estudo abordou os impactos físicos, cognitivos e no sistema imunológico. Os efeitos variam de estatura mais baixa a casos de capacidade cognitiva reduzida, infertilidade e função pulmonar prejudicada.

Concluiu, também, que as pessoas nascidas de relações incestuosas possuem 44% mais chance de contraírem doenças de quaisquer tipos se comparados aos que nasceram de relações exogâmicas.

Os dados também impressionaram: uma a cada 3.652 pessoas nasceu por incesto. Anteriormente, pensava-se que era uma a cada 5.247, mas esse número era retirado apenas das ofensas registradas em polícia e, portanto, era pouco confiável.

Ainda assim, há, também, o fator de quem são essas pessoas que enviaram seus dados para o Biobank. Os pesquisadores pensam se tratar de pessoas com maior nível de instrução e de saúde. Isso não reflete a população total do Reino Unido, querendo dizer que os números são enviesados.

Reino Unido genética doenças incesto Habsburgos

Leia também

Putin ordena exercícios militares com armas nucleares a suas tropas


Imagens da superfície do Sol são registradas por sonda


A saga do Mausoléu de Halicarnasso, uma das sete maravilhas do mundo antigo


Pesquisadores recriam em 3D rosto de mulher neandertal de 75 mil anos atrás


Maldição por trás da abertura da tumba de Tutancâmon é desvendada


Pesquisadores relacionam descobertas na Cidade de Davi a evento bíblico