Lampião, o rei do cangaço - Domínio Público via Wikimedia Commons
Lampião

Lampião 'Não permitia, de jeito nenhum, traições', relembra historiador

Documento, recuperado recentemente, mostra a primeira vez em que Lampião foi colocado como réu

Redação Publicado em 19/10/2023, às 15h11 - Atualizado em 20/10/2023, às 18h21

Um antigo processo contra cangaceiros chama atenção para o nome de Virgulino Ferreira da Silva, que entrou para os livros de História como 'rei do cangaço'. Recuperado recentemente pela justiça do Estado de Pernambuco, o documento mostra a primeira vez em que Lampião apareceu como réu numa ação. 

Com 1.400 páginas, já amareladas e desordenadas, a documentação histórica aborda o crime responsável pela morte de um coronel, em 1922. Recuperado, o documento agora é digitalizado para historiadores, pesquisadores e os mais curiosos. 

Desaparecido, o processo se encontrava na posse de familiares de um juiz de Triunfo, no sertão de Pernambuco. Agora, se encontra no acervo do memorial da Justiça de Pernambuco, repercute o Jornal Hoje.

O crime

O documento aborda o 'Combate de Belmonte', que compreende a morte de Luis Gonzaga Gomes Ferraz, um antigo comerciante de renome do sertão. Acabou morto pelos homens de Lampião em outubro do ano 1922, após ordens de um coronel. 

Como resultado, o combate entre os dois grupos resultou em sangue. De 60 homens envolvidos, 40 faziam parte do cangaço. O saldo foi turbulento para ambos os lados: foram assassinados dois cangaceiros e três autoridades da Volante. 

Vale lembrar que o processo, que reuniu documentos em 13 anos, não chegou ao fim. Embora 42 nomes tenham sido denunciados, não existem dados confirmados sobre os réus julgados. Lampião também não respondeu pelo crime: vivia foragido.

Ao Jornal Hoje, Frederico Pernambucano de Melo, especializado na história do cangaço e Lampião, reflete sobre o cangaço e a trajetória de Lampião. O historiador relembra que o rei do cangaço não aceitava traições. 

"Quem domina pelo terror não pode ser bom. Lampião era um homem que não permitia, de jeito nenhum, traições. Tudo isso era punido severamente com a morte, morte violenta, morte cruel. O cangaço é uma rebeldia irmã das tradicionais rebeldias brasileiras", disse Frederico ao veículo. "É sempre bom lembrar: houve um Brasil que não se dobrou aos valores coloniais trazidos da metrópole portuguesa. Por atitude ou por militância. E essa militância, muitas vezes, de arma na mão".

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