Liderança indígena pediu que a imagem parasse de ser divulgada em respeito à tradição cultural
Eduardo Lima, sob supervisão de Ingredi Brunato Publicado em 23/01/2023, às 13h42
Uma mulher yanomami que teve sua fotografia compartilhada para denunciar as condições de saúde calamitosas dos povos que habitam a maior terra indígena do Brasil morreu na semana passada em sua comunidade em condições severas de desnutrição.
Quem primeiro divulgou as fotos e agora informou sobre a morte da indígena foi Júnior Yanomami, que é presidente do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena) dos Yanomami e dos Ye’kuana.
Júnior é uma das principais vozes na denúncia do quadro de desassistência na terra indígena, que além da desnutrição também se reflete na explosão de casos de malária, segundo informado pela Folha de S. Paulo.
Essas informações não são nenhuma novidade, já que os indicadores de mortes e enfermidades e a falta de medicamentos básicos foram denunciados no decorrer do governo de Jair Bolsonaro, quando o problema se agravou.
O MPF (Ministério Público Federal) alertou que 52% das crianças yanomami estão desnutridas, com o índice podendo chegar a 80% em comunidades mais isoladas. Esses indicadores são piores do que os registrados em países da África Subsaariana.
Nas suas redes sociais, Júnior Yanomami pediu para que a imagem da mulher deixasse de ser compartilhada, e explicou que isso acontece por questões culturais.
“Na cultura Yanomami, após o falecimento, não pronunciamos o nome da pessoa, queimamos todos os seus pertences, e não permitimos que fotografias permaneçam sendo divulgadas”, explicou Júnior.
O Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública no território yanomami na sexta-feira (20). O Ministério trabalhou na instalação de um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública na área.
O território, que se encontra no estado do Roraima, foi visitado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva no sábado, 21, o que ajudou a dar mais visibilidade para a crise, que foi intensificada pela presença ilegal de20 mil garimpeiros na reserva indígena.
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