Vale do Rift, na Jordânia - Wikimedia Commons
Estudo

Rota de migrantes que partiram da África em direção à Ásia há 80 mil anos é apontada em estudo

Novo estudo foi publicado recentemente na revista Science Advances

Giovanna Gomes Publicado em 09/10/2023, às 08h15

De acordo com um estudo recentemente publicado na revista Science Advances, os antigos migrantes originários da África teriam alcançado a Eurásia ao atravessar a península do Sinai e percorrer a região da Jordânia há aproximadamente 80 mil anos.

Pesquisadores das universidades de Southampton, no Reino Unido, e Shantou, na China, em colaboração com cientistas da Jordânia, Austrália e República Tcheca, identificaram a existência de um corredor que direcionava os caçadores-coletores pelo Levante em direção à Ásia Ocidental e ao norte da Arábia.

Essa equipe encontrou ferramentas manuais chamadas "lascas" em leitos de rios secos, que já estiveram cheios de água há dezenas de milhares de anos, localizados no Vale do Rift da Jordânia. Argumenta-se que essa rota era utilizada pelos Homo sapiens em sua jornada em direção ao norte.

A idade do sedimento onde as ferramentas foram descobertas foi determinada usando técnicas de datação por luminescência, que calculam quanto tempo passou desde a última exposição à luz. Isso levou à conclusão de que essas ferramentas provavelmente foram utilizadas cerca de 84 mil anos atrás e, posteriormente, foram abandonadas e soterradas. As informações são da Revista Galileu.

Passagem bem trilhada

Anteriormente, acreditava-se que os seres humanos teriam utilizado uma rota mais ao sul para chegar ao sudoeste da Arábia, atravessando o Mar Vermelho a partir do Chifre da África, quando o nível do mar estava mais baixo.

No entanto, este estudo confirma a existência de uma passagem bem trilhada mais ao norte, por meio da única passagem terrestre da África para a Eurásia, como explicou Paul Carling, professor de geomorfologia da Universidade de Southampton e coautor do estudo, em um comunicado.

Ele enfatizou que as pequenas áreas úmidas desempenharam um papel crucial como pontos de parada durante a migração, em contraste com os grandes lagos.

Durante o último período interglacial, a região do Levante serviu como um corredor bem irrigado que permitiu a dispersão dos humanos para fora do continente africano. Agora, evidências paleo-hidrológicas demonstram que o mesmo ocorreu na zona do Vale do Rift da Jordânia, a leste do Mar Mediterrâneo, o que destaca a relação entre mudanças climáticas, sobrevivência humana e migrações.

Mahmoud Abbas, autor principal do estudo, afirmou que "em vez de um deserto seco, os campos da savana teriam fornecido os recursos necessários para que os seres humanos sobrevivessem durante sua jornada para fora da África, rumo ao sudoeste da Ásia e além”.

+ Confira aqui o estudo completo.

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