Imagem da pedra que contém o Salmo 86 - Reprodução/Universidade Hebraica de Jerusalém
Arqueologia

Texto bíblico do século 6 é encontrado no deserto da Judeia

Uma paráfrase do Salmo 86, escrito na língua original do Novo Testamento, foi encontrada por arqueólogos de Jerusalém

Redação Publicado em 27/09/2023, às 14h41

Nesta quarta-feira, 27, pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém comunicaram a descoberta de uma inscrição do Salmo 86, em grego koiné, a língua utilizada no Novo Testamento. Segundo os arqueólogos, o manuscrito foi localizado na Fortaleza da Hircânia, uma construção de cerca de 2 mil anos, presente no deserto da Judeia. 

Após analises do estilo da escrita, os especialistas acreditam que o texto foi produzido por um monge durante a primeira metade do século 6 d.C., apogeu da Era Bizantina. Alguns erros de gramática também sugerem que o idioma materno do escrivão era outro, conforme repercutido pela Revista Galileu. 

O texto foi marcado em uma pedra de construção com tinta vermelha, adornado com uma cruz no topo. O co-lideres do grupo de escavação, Michael Haber e Oren Gutfeld, ambos oriundos da Universidade Hebraica, reconheceram no momento da descoberta que a inscrição foi feita em grego koiné, mas encaminharam o manuscrito para Avner Ecker, epigrafista da Universidade Bar-Ilan, em Israel, para traduzi-la. 

Ecker determinou que se tratava de uma paráfrase do Salmo 86, versículos 1 a 2, conhecido popularmente como “uma oração de Davi”. Em um comunicado, o pesquisador esclareceu que este salmo é um dos mais conhecidos de toda a liturgia cristã, o que explicaria a cruz na parede e a familiaridade do monge com os versos. 

Versos sagrados

Originalmente, os versos dizem: “Inclina os teus ouvidos, ó Senhor, e responde-me, pois sou pobre e necessitado. Guarda a minha vida, pois sou fiel a ti". Porém, a versão descoberta na Hircânia diz apenas: "Jesus Cristo, guarda-me, pois sou pobre e necessitado."

O epigrafista também explicou que os pequenos erros gramaticais são típicos da Palestina bizantina e “indicam que o monge não era um falante nativo de grego, mas provavelmente alguém da região que foi criado falando uma língua semítica”.

Poucos itens têm tanta importância no registro histórico e arqueológico como as inscrições – e deve ser enfatizado que estes são praticamente os primeiros exemplos do local a terem origem em um contexto ordenado e documentado", afirmou Haber ao portal Phys.org. 

Haber e Gutfeld demonstraram preocupação com a próxima temporada de escavações, prevista para o começo de 2024, em razão da possível presença de ladrões de artefatos. 

O problema persiste; estava aqui antes de nós e provavelmente continuará depois de nós, especialmente em um local tão sensível como a Hircânia, embora este é apenas um exemplo. Estamos simplesmente tentando ficar alguns passos à frente", concluíram os líderes do estudo ao site Phys.org. 
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