A jovem Jessica McClure - Wikimedia Commons
Personagem

45 horas de desespero em um poço: O comovente regate da jovem Jessica McClure

Quando tinha apenas um ano e meio, a jovem caiu em um poço de quase sete metros de profundidade. A partir de então, seu regate virou uma intensa luta contra o tempo

Fabio Previdelli Publicado em 07/11/2020, às 10h00

14 de outubro de 1987 parecia mais um dia normal para a pequena Jessica McClure. Filha do casal de adolescente Chip e Cissy McClure, e pequena de um ano e meio estava brincando alegremente com outras crianças no jardim da casa de sua tia. 

A algazarra era supervisionada por sua mãe, que tinha 17 anos na época. Tudo estava indo bem até que o telefone da casa tocou. Então, Cissy saiu por um minuto para atender a ligação. Quando voltou, notou algo diferente: as outras crianças estavam desesperadas, todas gritando. O motivo? Bom, Jessica havia caído em um poço.  

A pequena Jessica McClure / Crédito: Wikimedia Commons

 

Quase sete metros abaixo do solo, a jovem estava presa num buraco de cerca de 20 centímetros de circunferência. Nunca se soube como a menina caiu no poço.

Quando as autoridades chegaram ao local, conseguiram ouvir a garota gemendo de dor. Inicialmente, acreditava-se que a missão de resgate seria rápida. No entanto, o que aconteceu até que ela fosse resgatada deixou todos apreensivos. 

O resgate 

Devido ao tamanho do buraco, era impossível que alguém conseguisse descer por ele para resgatar a menina. Deixá-lo mais largo também era uma prática inviável, já que um  simples deslocamento de terra poderia cair sobre a pequena.  

Imagens do resgate de Jessica / Crédito: Divulgação/ Arquivo CBS

 

A alternativa encontrada foi a construção de túneis paralelos ao poço, por onde seria possível retirar a criança. Todo o trabalho de escavação foi feito com o auxílio de perfuradores de petróleo. Entretanto, foi descoberto que esse método não daria certo por dois motivos: o primeiro deles é que o poço estava cercado por rochas; o segundo é que a máquina fora projetada para fazer perfurações específicas.

Assim, um engenheiro foi chamado para supervisionar e coordenar o esforço de resgate. Usando tecnologia inédita de perfuração de poços, o corte com jato d’água, as equipes conseguiram perfurar um buraco paralelo ao poço onde Jéssica estava. Em seguida, foi criado um túnel de acesso até a garota. Uma missão marcada pela emoção. Durante as escavações, os socorristas puderam ouvir a garota cantar a música tema de ‘Ursinho Pooh’. 

Apesar do sucesso nessa fase, a equipe de resgate lutava contra o tempo, afinal, a garota já estava no poço há 45 horas. Um empreiteiro de telhados, Ron Short, se ofereceu para descer na cavidade e pegar Jessica. Ele havia nascido sem clavícula e podia dobrar os ombros para trabalhar em confinamento apertado. Entretanto, a operação não deu certo.  

Steve Forbes com Jessica em seus braços / Crédito: Divulgação/ Arquivo CBS

 

Foi então que o paramédico Robert O’Donnell entrou em ação. Apesar de ser claustrofóbico, ele encarou o desafio. A primeira aproximação não ocorreu da forma desejada. 20 minutos depois ele tentou de novo. Eram 19h56 do horário local, do dia 16 de outubro, quando Jessica voltou a ver a luz.  

A recuperação de Jessica e a derrocada do herói 

A cobertura da CNN rodou o mundo e logo todos conheciam e torceram pela recuperação de Jessica. Devido aos ferimentos da queda, a pequena teve que passar por 15 cirurgias, muitas delas devido à reconstrução de seu pé direito, que foi amputado após gangrenar.  

Enquanto estava no hospital, a jovem chegou a receber um telefonema do então presidente Ronald Reagan, dizendo que "todos na América se tornaram madrinhas e padrinhos de Jéssica enquanto o resgate acontecia”. A garota também recebeu, no hospital, a visita do vice-presidente George W. Bush e de sua esposa.  

Jessica sendo recebida por George Bush / Crédito: Wikimedia Commons

 

 

As imagens do regate feitas pelo fotógrafo Scott Shaw ganharam o Prêmio Pulitzer em 1988. Mas, apesar de toda fama em torno do caso, a vida de uma pessoa mudou negativamente: a de Robert O’Donnell

O trauma fez com que a jovem não tivesse memórias daquele dia, mas por outro lado, fez com que o paramédico não esquecesse nenhum detalhe. Todo o estresse pós-traumático do resgate, além da passagem da glória ao esquecimento, representaram um turbilhão na mente de O’Donnell, que acabou se suicidando em 1995. 

A comoção em torno da jovem também gerou várias doações. Ela recebeu tanto dinheiro que sua família criou um fundo para guardá-lo. Quando completou 25 anos, Jessica conseguiu, enfim, retirar cerca de 1 milhão de dólares do fundo.  


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