Dominique Strauss-Kahn - Getty Images
Personagem

De diretor do FMI a acusado de abuso sexual: O escândalo libidinoso de Dominique Strauss-Kahn

As investigações de um dos casos de agressão sexual mais famosos da história moderna ganham nova perspectiva com minissérie lançada hoje, 7, na Netflix: Quarto 2806 – A Acusação

Fabio Previdelli Publicado em 07/12/2020, às 16h46

Economista, advogado e principal candidato a assumir a presidência da França em 2012. Dominique Strauss-Kahn, popularmente conhecido como DSK, tinha um currículo de dar inveja em muitos.  Membro do Partido Socialista, foi nomeado professor visitante da Universidade de Stanford e chegou a ser escolhido para dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2007.  

Mas logo tudo mudou após ser denunciado por envolvimento em um escândalo sexual — um dos casos de agressão sexual mais famosos da história moderna.  

Os bastidores das investigações e da busca por justiça ganharam uma minissérie que estreia hoje, 7, na Netflix. Conheça a história real por trás de Quarto 2806 – A Acusação: 

A vida e a carreira de DSK 

Nascido em 25 de abril de 1949, no bairro parisiense de alto padrão de Neuilly-sur-Seine, Dominique Gaston André Strauss-Kahn foi criado sob os ensinamentos de uma família judia progressista. Com raízes na Tunísia, ele passou seus primeiros anos de vida no Marrocos, antes de voltar para a Europa.  

Quando regressou a Paris, depois de morar algum tempo em Mônaco, passou a frequentar aulas preparatórias no Lycée Carnot. Anos depois, obteve doutorado em economia pela Universidade de Paris. Além disso, também se formou em direito, em administração de empresas, ciência política e estatística. 

Sua carreira política começou em 1986, quando foi deputado pelo Partido Socialista, entre 1988 e 1991. Posteriormente, nos governos de Édith Cresson e Pierre Bérégovoy, se tornou ministro da Indústria e do Comércio Exterior, cargo que ocupou até 1993. Como ministro da Economia, foi um dos que trabalhou para o lançamento do Euro.  

Dominique Strauss-Kahn durante julgamento / Crédito: Getty Images

 

Em 1999, devido ao seu envolvimento em processos jurídicos, pediu demissão, mas voltou a ocupar sua cadeira de deputado em 2001, quando o processo foi arquivado por falta de provas. Com isso, foi reeleito três vezes para a Assembleia Nacional, de 2001 a 2007, quando, paralelamente, passou a lecionar economia no Institut d'Etudes Politiques de Paris e que também foi nomeado professor visitante em Stanford.  

Sua primeira tentativa para a presidência ocorreu em 2006, quando perdeu a indicação do Partido Socialista para Ségolène Royal. Porém, no ano seguinte, foi escolhido para dirigir o FMI, assumindo suas funções em 1º de novembro. 

Na organização, permaneceu por uma década, quando renunciou em 18 de maio de 2011, após ser acuado de abuso sexual, enquanto ele era um dos favoritos para se tornar presidente francês em 2012. "É com infinita tristeza que hoje me sinto obrigado a apresentar ao Conselho Administrativo minha renúncia ao cargo de diretor-geral do FMI”, declarou na ocasião. 

As acusações  

Em 14 de maio de 2011, Nafissatou Diallo, camareira do Sofitel New York Hotel, com 32 anos na época, alegou que Strauss-Kahn a havia agredido sexualmente depois que ela entrou em sua suíte. Diallo disse que DSK a forçou a praticar sexo oral. 

Naquele mesmo dia, antes de embarcar para Paris, foi detido no Aeroporto John F. Kennedy, sendo colocado em detenção provisória horas depois da denúncia. Strauss-Kahn passou a noite da cadeia e só foi posto em prisão domiciliar após pagar uma fiança de 6 milhões de dólares.  

Durante as investigações, uma amostra de sêmen foi encontrada na camisa de Diallo. No dia 24 daquele mês, os testes de DNA mostraram que uma amostra genética de DSK correspondiam com a evidência. Mesmo assim, ele se declarou inocente.  

Nafissatou Diallo, camareira do Sofitel New York Hotel / Crédito: Wikimedia Commons

 

No dia 30 de junho de 2011, no entanto, o The New York Times relatou que o caso estava à beira de um colapso devido a problemas de credibilidade da suposta vítima que, segundo fontes internas da Polícia de Nova York, havia mentido e caído em contradição repetidas vezes desde sua primeira declaração.  

De acordo com os promotores, Nafissatou admitiu que mentiu para um grande júri sobre os eventos em torno do ataque. Ela disse que o tradutor entendeu mal suas palavras. Assim, Strauss-Kahn foi libertado da prisão domiciliar em 1º de julho., podendo, denfim, voltar para Paris. 

Depois de concluir uma longa investigação, os promotores entraram com uma moção para retirar todas as acusações contra Strauss-Kahn, afirmando que não estavam convencidos de sua culpabilidade, além da falta de evidências físicas conclusivas e das contradições da acusadora.  

Em uma entrevista na TV em setembro, Strauss-Kahn admitiu que sua ligação com Diallo foi uma falha moral e o descreveu como "inapropriado", mas disse que não envolvia violência, constrangimento ou agressão. 

Outras acusações surgem 

Apesar da aparente vitória na justiça, outras acusações de abuso sexual foram informadas por outras vítimas. Em uma delas, a jornalista Tristane Banon alegou que Dominique havia tentado estuprá-la.  

De acordo com um relatório no L'Express , Strauss-Kahn admitiu ter tentado beijar Banon. Porém, meses depois, os promotores públicos franceses desistiram da investigação afirmando que havia falta de provas sobre a denúncia de tentativa de estupro. 

Em março de 2012, Strauss-Kahn foi investigado na França por seu suposto envolvimento em uma rede de prostituição. As acusações estão relacionadas ao seu suposto envolvimento na contratação de prostitutas para festas de sexo em hotéis em Lille, Paris e Washington.  

A jornalista Tristane Banon / Crédito: Wikimedia Commons

 

Já em 26 de julho de 2013, promotores franceses anunciaram que DSK seria julgado por alegações de "lenocínio agravado". Entretanto, cerca de dois anos depois, em 12 de junho de 2015, ele também foi absolvido dessas acusações.  

O que aconteceu com Nafissatou Diallo?

Em entrevista em setembro deste ano à revista Paris Match, que foi repercutida pelo UOL, Diallo disse que se DSK “fosse pobre, estaria preso”. Além do mais, a camareira disse que o escândalo “acabou com sua vida” e que ela acabou sendo “privada de justiça”. 

Após negar as acusações, Strauss-Kahn assinou um acordo financeiro com a empregada, o que garantiria que ela não o acusaria novamente. Sobre a escolha, ela disse que “queria deixar essa história para trás o mais rápido possível”.  

Porém, afirma guardar rancor da maneira que foi tratada pela corte de Manhattan. “Eu fui enganada e traída. Jamais me recuperarei da maneira como os promotores de Nova York me trataram. Garanto que se [Dominique Strauss Kahn] fosse pobre, estaria hoje na prisão".  

"Decidi falar a minha verdade. Eu sofri muito e ouvi, li, muitas coisas horríveis sobre mim. Eu quero falar para as pessoas quem eu sou", afirmou. Com a explosão do escândalo, Diallo disse que passou a receber inúmeras ameaças de morte, cartas anônimas que “pediam dinheiro” ou que a acusavam de ter “enganado” o político. Com o medo de sua segurança e de suas filhas, acabou se mudando para um apartamento “com segurança fora de Nova York”.


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