Ilustração de Albert Tirrell - Wikimedia Commons
Crimes

O assassino sonâmbulo: O bizarro caso de Albert Tirrell

Acusado de matar a amante, o norte-americano foi o primeiro cidadão absolvido por alegar ‘insanidade do sono' nos EUA

Penélope Coelho Publicado em 14/01/2021, às 07h00

Ao longo de sua vida, a reputação de Albert Jackson Tirrell era constantemente colocada em cheque. O homem casado e pai de dois filhos vivia em Weymouth, Massachusetts, com sua família. Mas, era conhecido por ser extremamente infiel.

Conforme documentado pelo Smith Sonian, uma das várias vezes em que frequentou um bordel em Boston, o norte-americano conheceu Maria Ann Bickford, uma prostituta que também era casada. Desde que se conheceram Albert e Mary — como era chamada — viviam uma relação extraconjugal intensa e conturbada.

No início, o relacionamento entre eles escandalizava a sociedade norte-americana, pela falta de decoro de ambos. Contudo, o que aconteceu depois foi ainda mais chocante e entrou para a história do país.

O crime

Segundo revelado na revista Smithsonian, na manhã de 27 de outubro do ano de 1845, o casal estava em um quarto no bordel de Boston, quando alguns barulhos foram escutados por pessoas que ali estavam.

Algum tempo depois, Bickford, então com 21 anos — foi encontrada sem vida com evidências brutais de que um terrível crime tinha acontecido. Deitada de costas na cama, quase 'decapitada' com um longo ferimento no pescoço, a mulher teve a pele carbonizada. A última pessoa que havia sido vista com Mary era seu amante, contudo, o homem a essa altura já havia fugido da cena do crime.

Ilustração da morte de Maria Ann Bickford / Crédito: Wikimedia Commons

 

Com o auxílio de familiares, Tirrell na época com 22 anos, tentou fugir para o sul do país em um navio, contudo, em decorrência das más condições do tempo, mudou os planos e embarcou em Nova York com destino a Nova Orleans. Sendo procurado pela justiça, o homem foi capturado em 5 de dezembro daquele ano.

Julgamento inédito

Com a prisão do filho, os pais de Albert contrataram um famoso advogado de Boston, era Rufus Choate, que tinha fama de conseguir a absolvição de seus clientes a partir de estratégias de defesas sem precedentes.

Inicialmente, a defesa alegou durante o julgamento do crime que a vítima havia cometido suicídio, contudo, essa alternativa foi descartada rapidamente dada às circunstâncias em que o corpo de Bickford fora encontrado.

Fotografia de Albert Tirrell / Crédito: Divulgação/ Project Gutenberg

 

Foi assim que Choate partiu para outra tática. O advogado usou o sonambulismo habitual de seu cliente para alegar a possibilidade de que Albert estivesse numa espécie de transe, ao cometer o crime contra sua amante. Assim, fora alegado que ele sofria de sonambulismo crônico.

O homem usou o depoimento de familiares do acusado, que afirmaram que o norte-americano tinha episódios de sonambulismo desde os seis anos. De acordo com as testemunhas, as ‘crises’ pioraram com o tempo.

Durante os dias de julgamento, a impressa enfatizava as possíveis razões pelas quais o homem teria assassinado a prostituta, já que ele enfrentava acusações de adultério, um delito na época.

Mas, após dias de julgamento e uma deliberação de duas horas, o júri chegou ao veredito, declarando Albert Tirrell inocente. Foi primeira vez na história dos Estados Unidos que um motivo desses resultou na absolvição de um crime.

Naquele tempo, não existiam provas médicas concretas sobre o sonambulismo e os especialistas tinham diferentes opiniões sobre o tema, com o cenário, o júri optou pela absolvição.

Sabe-se que após o crime, o acusado tentou ainda que seu advogado o reembolsasse com os honorários pagos, alegando que foi muito fácil para Rufus “persuadir o júri por sua inocência”. Porém, não obteve sucesso. O homem passou o resto de sua vida na obscuridade, até falecer no ano de 1880.


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