A escritora e diretora Adrienne Shelly no 13th Street Theatre, em 2004 - Getty Images
Crimes

Sucesso repentino e morte controversa: 15 anos do assassinato da estrela Adrienne Shelly

Em 2006, a morte repentina da atriz e diretora de Hollywood causou mistério e revelou uma verdade chocante por trás de um trágico mal entendido

Alana Sousa Publicado em 12/06/2021, às 11h00

Adrienne Shelly dedicou sua vida a quebrar estereótipos femininos em suas produções independentes e trazer a tona dramas das mulheres que muitas vezes eram esquecidos ou deixados em segundo plano.

Nascida em Nova York, nos Estados Unidos, em 1966, ela estreou como a protagonista de The Unbelievable Truth (1989), dirigido por Hal Hartley. Um ano depois, em 1990, estrelou Trust, que foi indicado ao Grande Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Sundance, um marco para a jovem atriz.

Entretanto, era atrás das câmeras que Shelly deixava seu talento brilhar. Embora tenha atuado em algumas séries de televisão e peças de teatro durante a década de 1990, foi como escritora e diretora que ela chamou atenção em Hollywood.

A americana foi agraciada com diversos prêmios por seu trabalho, como o US Comedy Arts Festival Film Discovery e o Prémio da Cidade de Setúbal: Menção Especial. Todavia, foi com a produção Waitress que a carreira de Shelly alcançou outro patamar.

O longa metragem foi escrito, dirigido e estrelado por Adrienne. Contando a história de uma garçonete que descobre uma gravidez indesejada enquanto enfrenta um casamento infeliz, Shelly teve a ideia da trama durante a gravidez de sua filha Sophie, fruto da relação com Andy Ostroy.

Adrienne Shelly como Dannie no filme Me abrace, me emocione, me beije (1992) / Crédito: Divulgação/ October Films

 

A produção marcou o último trabalho da cineasta, que estava no auge de sua carreira quando sua vida foi interrompida de maneira brutal. Ela jamais chegou a ver a estreia de seu filme de maior sucesso, que depois foi adaptado como musical da Broadway.

A morte controversa

Era 1 de novembro de 2006 quando Shelly foi encontrada no fim da tarde por seu marido em seu apartamento localizado em West Village de Manhattan. Ostroy entrou na residência e se deparou com o corpo da mulher pendurado com um lençol na haste do chuveiro.

Sem entender a cena, o homem contatou o Departamento de Polícia de Nova York. Após análises superficiais da residência, os policiais concluíram que a causa da morte era suicídio; mais tarde, a autópsia oficial apontou uma compressão no pescoço como motivo do óbito, conforme relatou o The Guardian.

Ainda que o caso estivesse aparentemente encerrado, Ostroy insistiu de que a mulher não havia dado sinal algum de que estaria passando por uma depressão ou qualquer sofrimento que explicasse o suicídio. Para ele, a esposa era feliz e estava contente com a vida profissional e a filha que tinha apenas dois anos de idade.

Adrienne Shelly como Dawn em Waitress (2007) Crédito: Divulgação/Fox Searchlight Pictures

 

O viúvo continuou chamando atenção da imprensa sobre a negligência com a investigação da causa da morte da mulher, até que suas reclamações resultaram em uma segunda análise do apartamento onde Shelly havia sido encontrada sem vida.

A verdade enfim revelada

A nova inspeção na casa da falecida atriz revelou uma impressão de tênis que havia passado despercebida. No vaso sanitário, ao lado do cadáver da artista, existia uma marca de sapato com pó de gesso, o que levantou a hipótese de assassinato.

A impressão foi enviada para exames mais detalhados, além disso, construções que foram feitas no prédio no mesmo dia da morte da mulher indicou que o assassino poderia estar mais próximo do que imaginavam.

Cinco dias após o falecimento de Shelly, em 6 de novembro, a polícia anunciou a prisão de Diego Pillco, de 19 anos. O funcionário, do Equador, era o principal suspeito do homicídio. Por estar trabalhando no edifício no dia 1 de novembro e pelas marcas de tênis serem compatíveis com seu uniforme, ele foi apreendido pelas autoridades.

Após a prisão, Pillco revelou uma versão da história que não foi considerada verdadeira pela polícia, contando que uma briga entre ele e a cineasta havia resultado em um empurrão que teria derrubado a mulher e a matado na hora. O médico legista, porém, não constatou traumatismo craniano — sabia-se que o criminoso estava mentindo.

Placa dedicada em memória de Adrienne Shelly, em Nova York / Crédito: Getty Images

 

Durante seu julgamento, em 2008, o assassino finalmente revelou o que acontecera naquela fatídica tarde: ao seguir Shelly até seu apartamento para roubá-la, Pillco disse que entrou pela porta que estava aberta, mas foi flagrado pela atriz. Quando Adrienne ameaçou chamar a polícia, o homem tirou o telefone da mão dela e tampou sua boca até que ela caísse inconsciente.

Em seguida, o homicida decidiu encenar um suicídio, pegou um lençol e amarrou no pescoço de Shelly, enforcando-a até a morte. Para completar sua ideia, amarrou o corpo no cano do chuveiro.

A versão contava com alguns fatos já concluídos pela polícia, como a causa da morte por enforcamento e o detalhe de que a mulher ainda estava viva quando Pillco começou a asfixia-la.

Declarando-se culpado, ele foi condenado a 25 anos de prisão. Ele deverá ser deportado ao seu país de origem após cumprir a sentença. No tribunal, em março de 2008, as palavras de Ostroy ecoaram entre o público ao falar com o assassino de sua esposa: “você não é nada mais do que um assassino de sangue frio”.


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