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Curiosidades / Religião

Relembre a abertura do suposto túmulo de Jesus Cristo há 8 anos

Em 2016, uma equipe de arqueólogos explorou a suposta tumba de Jesus Cristo na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém; descubra o que eles constataram!

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 21/01/2024, às 11h49

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Retrato da crucificação de Cristo - Getty Images
Retrato da crucificação de Cristo - Getty Images

Na Bíblia, Mateus, Marcos, Lucas e João apontam que Jesus Cristo teria sido crucificado, sepultado e ressurgido num lugar chamado Calvário (ou Gólgota, em hebreu). O penhasco rochoso ficaria próximo ao Portão de Damasco, em Jerusalém

Relatos históricos apontam que os romanos encontraram o local no ano de 326, quando Constantino I estava no poder. O Imperador havia se convertido ao cristianismo e declarou a religião como a oficial dos romanos. 

Conforme recorda a Galileu, o túmulo acabou totalmente destruído e foi reconstruído, posteriormente. A tumba foi selada em mármore por volta de 1555 e somente em 2016 pesquisadores analisaram os restos da caverna de pedra calcária na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Relembre o episódio abaixo!

Túmulo de Jesus na Igreja do Santo Sepulcro/ Crédito: Getty Images

A exploração

Local mais venerado pelos cristãos, o túmulo consiste em uma prateleira de calcário ou leito funerário escavado na parede de uma caverna, conforme descreveu a National Geographic. Desde meados de 1555, ou séculos antes, o leito passou a ser coberto com revestimento de mármore, como forma de evitar que peregrinos removessem pedaços originais da rocha para usarem como souvenir. 

No entanto, na noite de 26 de outubro de 2016, o revestimento de mármore foi removido pela primeira vez, em uma inspeção de 60 horas realizada pela equipe de conservação da Universidade Técnica Nacional de Atenas.

Inicialmente, revelou-se apenas uma camada de material de preenchimento por baixo. Mas tudo mudou durante as expedições do dia 28, quando uma laje de mármore com uma cruz esculpida na superfície foi exposta. O leito original de pedra calcária estava intacto. 

"Estou absolutamente impressionado. Meus joelhos estão tremendo um pouco porque eu não esperava por isso", relatou o arqueólogo Fredrik Hiebert na época. "Não podemos afirmar 100 por cento, mas parece ser uma prova visível de que a localização da tumba não mudou ao longo do tempo, algo que cientistas e historiadores se perguntam há décadas". 

Túmulo de Jesus na Igreja do Santo Sepulcro/ Crédito: Getty Images

Com a exploração, os pesquisadores encontraram as paredes originais da caverna de calcário numa edícula, ou santuário, do século 19 — que fica na parte final da tumba. Para isso, uma 'janela' foi feita na parede interior sul, o que expôs uma das paredes da caverna. 

Esta é a Rocha Sagrada que tem sido reverenciada há séculos, mas só agora pode realmente ser vista", apontou a Supervisora ​​Científica Chefe, Professora Antonia Moropoulou

Túmulo de Cristo?

Assim, fica a dúvida: a exploração na Igreja do Santo Sepulcro constatou realmente o local de descanso final de Jesus de Nazaré? Segundo os arqueólogos, é impossível afirmar com certeza, mas as evidências sugerem que a identificação do local pelo império de Constantino I, anos depois, pode ser um indício razoável. 

Apesar de variações nos detalhes, em suma, o Novo Testamento descreve que Cristo foi enterrado em uma tumba escavada numa rocha que pertencia a um rico seguidor judeu, José de Arimatéia. 

Conforme explica a arqueóloga e beneficiária da National Geographic Jodi Magness, os pesquisadores descobriram mais de mil tumbas escavadas na rocha ao redor de Jerusalém — sendo elas familiares, portanto, com mais câmaras funerárias ao longo dos nichos escavados nas laterais das rochas para acomodar cada corpo individualmente. 

"Tudo isso é perfeitamente consistente com o que sabemos sobre como os judeus ricos 'descartavam' seus mortos na época de Jesus", apontou. "É claro que isso não prova que o evento foi histórico. Mas o que sugere é que quaisquer que fossem as fontes dos relatos evangélicos, elas estavam familiarizadas com esta tradição e estes costumes funerários". 

Vale ressaltar que, naquela época, as tradições do judaísmo proibiam que os enterros ocorressem dentro dos muros da cidade. Assim, a tradição cristã aponta que Jesus foi enterrado fora de Jerusalém, perto do local de sua crucificação. Anos depois, os muros da cidade foram ampliados e tanto Gólgota quanto o túmulo passaram a 'pertencer' à Jerusalém. 

Quando os homens de Constantino I chegaram por lá, por volta do ano de 325, para localizar a tumba de Jesus, eles foram apontados para um templo erguido por Adriano cerca de dois séculos antes. O NatGeo explica que historiadores sugerem que o local foi erguido por Adriano como forma de afirmar o domínio da religião romana no local sagrado para os cristãos. 

Conforme explica Eusébio, bispo de Cesaréia, que morreu em 339, o templo romano acabou arrasado e as escavações em seu solo revelaram uma tumba na rocha. Além disso, a parte de cima da caverna foi retirada para expor seu interior; uma igreja também foi concebida ao seu redor — mas a mesma acabou sendo destruída em 1009 e reconstruída em meados do século 11.

Já durante o século 20, escavações na Igreja do Santo Sepulcro revelaram o que se acredita ser o templo construído por Adriano e as paredes da igreja de Constantino I. Na época, também foi documentada uma antiga pedreira de calcário e pelo menos outras seis tumbas escavadas na rocha — alguma das quais ainda puderam ser vistas durante a última expedição. 

 "O que eles mostram é que, na verdade, esta área era um cemitério judeu fora dos muros de Jerusalém na época de Jesus", aponta Magness sobre a importância do achado das outras tumbas na época. 

Podemos não estar absolutamente certos de que o local da Igreja do Santo Sepulcro seja o local do sepultamento de Jesus, mas certamente não temos outro local que possa fazer uma afirmação tão importante, e realmente não temos razão para rejeitar a autenticidade do sítio", completou Dan Bahat, ex-arqueólogo da cidade de Jerusalém.

Após a exploração, e uma extensa documentação do local, o leito funerário foi selado novamente com o revestimento original de mármore. "A conservação arquitetônica que estamos implementando pretende durar para sempre", finalizou Moropoulou.