Meses antes da morte do icônico piloto, Senninha estreou pelas mãos de Rogério Martins, que mal sabia que seu personagem marcaria uma geração
Isabelly de Lima Publicado em 21/04/2024, às 09h00
O jeito simples e alegre de Senna viver a vida também conquistou muitos corações. Um deles foi o do artista visual Rogério Martins que, em 1991, criou com Ridaut Dias Jr. uma das maiores homenagens ao piloto: o personagem Senninha.
Naquele período, mesmo com a internet ainda longe de sua ascensão, muitas famílias já acompanhavam Ayrton, inclusive as crianças. E foi pensando nelas que os ilustradores entraram no universo infantil para criarem a imagem de um menino de 6 anos que ama brincar com seu carrinho de corrida e tem um sonho: ser piloto de Fórmula 1.
Após um ano com o projeto na gaveta, uma ligação mudou tudo: era a novidade de que o próprio Ayrton havia adorado o projeto e que gostaria de falar com a equipe para acertar os detalhes.
A reunião aconteceu e, para a surpresa de Rogério, ele e seu time foram chamados para uma sala. “Quando abrimos a porta, era sala do próprio Ayrton, com ele ali”, conta o artista, descrevendo seu choque ao conhecer o astro. “Foi muito incrível porque a gente não esperava conhece-lo naquele dia”, lembra.
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O processo criativo, além de ter a participação do piloto, contou com a importante contribuição de dona Neyde, mãe de Ayrton, que levava aos criadores detalhes da infância do filho, fazendo com que o Senninha também tivesse a mesma personalidade corajosa, leve e bem humorada do piloto.
Senninha foi lançado em janeiro de 1994 com a proposta de ser um elo de comunicação entre Senna e as crianças para transmitir a elas valores do atleta, como determinação, motivação e superação.
Tudo por meio de uma animação educativa que pudesse ajudar no desenvolvimento socioambiental dos pequenos de forma lúdica — porém, como destaca Rogério, sem perder a essência engraçada e aventureira do personagem.
Então Senninha cai, bate, se machuca. Em algumas cenas, a gente até o fazia com o olho roxo, se ‘estropiando’ todo, como qualquer criança”, diz Rogério.
Como resultado, surgiram as famosas HQs do “Senninha e Sua Turma”. O sucesso nas bancas foi tanto, que o projeto logo se desdobrou em desenho animado, transmitido em canais de televisão aberta, como a TV Cultura, além de estampar diversos produtos com a marca do personagem, sob os cuidados da Sena Brands, empresa criada e mantida pela família do tricampeão mundial.
Com o avanço da internet, o piloto mirim também migrou para as plataformas de streaming e aplicativos de vídeos. Hoje, uma série animada sobre Senninha está disponível na Netflix e em seu canal oficial do YouTube, mantido pela equipe liderada por Rogério, que não deixa de explorar conteúdos com viés social.
Em 2020, por exemplo, o personagem foi utilizado como propagador de mensagens de proteção contra a covid-19. Inclusive, parte dos royalties da marca é destinada ao trabalho que o Instituto Ayrton Senna realiza para qualificar a educação pública em todas as regiões do Brasil.
O ano de 2024 também marca outras três décadas: o lançamento do próprio Senninha, que aconteceu poucos meses antes de Ayrton morrer. Para celebrar esta criação, um episódio especial foi feito e ficará disponível nos canais do personagem ao longo do ano.
Neste tributo, o pequeno piloto acelera a uma velocidade tão grande que entra em um túnel do tempo, onde repassa por toda sua história e revive momentos ao lado da primeira versão, lançada em 1994 pelo próprio Ayrton Senna, para se conectar com as novas gerações.
