Trecho da oração pode ser problemático, explica arcebispo de York
Redação Publicado em 11/07/2023, às 10h25
Oração tradicional entre os brasileiros, um trecho do 'Pai Nosso' pode ser problemático para muitos, explica Stephen Cottrell, arcebispo de York. O religioso explicou que o problema pode ser encontrado pela ligação com o controle patriarcal.
"Eu sei que a palavra 'pai' é problemática para aqueles cuja experiência de pais terrenos é destrutiva e abusiva e para todos que têm enfrentado um controle opressivo e patriarcal na vida", disse Stephen na última sexta-feira, 7, durante discurso no inicio do Sínodo Geral da Igreja Anglicana.
Como repercutido pela Folha de S.Paulo, o arcebispo discutia sobre fraternidade e união quando fez sua reflexão a respeito do 'Pai Nosso'.
No mundo de hoje, o sentimento de pertencimento a uma única família humana está desaparecendo, e o sonho de trabalhar juntos por justiça e paz parece uma utopia ultrapassada", afirmou ele, ao citar um discurso do Papa Francisco. "Com isso em mente, quero voltar à oração que Jesus ensinou, a Oração do Senhor."
Quando falou da oração tradicional, destacou a assimilação que enxerga com o controle patriarcal e como isso pode ser problemático. A fala, no entanto, não agradou alguns membros da igreja. Um deles é o cônego Dr. Chris Sugden, que é o atual presidente do grupo conservador Mainstream. Após a fala do arcebispo, ele questiona se Jesus estava errado.
"O arcebispo de York está dizendo que Jesus estava errado?", disse Chris. "Parece ser emblemática a escolha de alguns líderes da igreja de seguir a cultura em vez das escrituras."
Chris também fala sobre um 'caminho' que muitos podem seguir ao ter um relacionamento turbulento com os pais.
"Se as pessoas tiveram um relacionamento difícil com seus pais humanos, então a alternativa é poder redescobrir a verdadeira natureza da paternidade por meio de Cristo", disse ele.
Já a reverenda Christina Rees, que já liderou a organização Watch ('Women and the Church', 'Mulheres e a Igreja' em tradução livre) acabou por apoiar o pensamento de Stephen Cottrell.
"A grande questão é: realmente achamos que Deus acredita que os seres humanos do sexo masculino carregam sua imagem de forma mais completa e precisa do que as mulheres? A resposta é absolutamente não", disse ela.
