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Notícias / Arthur Friedenreich

Do talento em campo à Revolução de 1932: Conheça Arthur Friedenreich, futebolista homenageado pelo Google

Nascido apenas quatro anos após a abolição, o atleta disputou a primeira partida da Seleção Brasileira

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 18/07/2023, às 12h30

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O jogador Arthur Friedenreich - Wikimedia Commons / Desconhecido
O jogador Arthur Friedenreich - Wikimedia Commons / Desconhecido

O Doodle do Google homenageia nesta terça-feira, 18, o primeiro homem negro a jogar futebol profissionalmente no Brasil: Arthur Friedenreich.

Nascido em São Paulo em 1892, apenas quatro anos após a abolição da escravidão, o atleta viria a ser um ícone do esporte no país. Filho de um imigrante alemão e uma empregada doméstica negra, no entanto, ele sofreu com o racismo em uma época que o futebol era restrito a jogadores brancos.

Como explicou a revista Galileu, foi por causa do pai, que tinha conexão com um clube de imigrantes alemães, que Friedenreich teve a oportunidade de se envolver no esporte.

Acidente

Desde pequeno, Arthur demonstrava interesse pela bola na várzea da capital paulista. Contudo, seu ingresso oficial no futebol se deu em razão de um acidente: durante uma partida na rua, ele foi atropelado, escapando apenas com arranhões.

Buscando evitar futuros incidentes, seu pai, Oscar, decidiu matriculá-lo no clube Germânia, proporcionando assim seu primeiro contato oficial com o futebol.

Homenagem do Google a Arthur Friedenreich / Crédito: Divulgação / Google

Assim, aos 17 anos, o jovem Friedenreich estreou no SC Germânia e impressionou o público com suas habilidades de drible, tornando-se o artilheiro da liga de São Paulo em apenas quatro temporadas.

Seleção brasileira

Friedenreich disputou o primeiro jogo da história da Seleção Brasileira contra o Exceter, da Inglaterra, em 1914. Durante o jogo, ele perdeu dois dentes da frente devido a uma entrada dura, mas continuou jogando com coragem. Esse episódio lhe rendeu o apelido de "El Tigre", em virtude de seu espírito de luta, dedicação e agilidade.

Em 1919, Friedenreich conquistou a idolatria nacional ao se destacar no Sul-Americano disputado no Estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Na época, marcou quatro gols, incluindo o gol decisivo contra o Uruguai na prorrogação, garantindo o primeiro grande título da seleção brasileira de futebol.

Além disso, ele também se tornou o primeiro jogador a marcar um hat-trick (três gols em um único jogo) na Copa América.

Arthur ao centro prestes a marcar com uma cabeceada o gol do título Sul-Americano / Crédito: Divulgação / Arquivo Nacional

Racismo

Apesar de seu sucesso em campo, Friedenreich enfrentou muito racismo ao longo de sua carreira. Ele chegou a alisar os cabelos e aplicar pó em sua pele antes dos jogos para parecer mais europeu.

Em 1921, por conta do preconceito racial, ele foi excluído da equipe que representaria o Brasil no Campeonato Sul-Americano. Na época, o então presidente brasileiro Epitácio Pessoa recomendou que apenas atletas brancos representassem o país no exterior — e a seleção acabou perdendo.

Revolução de 32

Aos 40 anos de idade, Friedenreich decidiu apoiar a Revolução Constitucionalista de 1932, um conflito entre paulistas e o governo de Getúlio Vargas. Ele liderou o Batalhão Esportivo, que contava com quase 3 mil atletas, e foi promovido a segundo tenente.

O jogador em fotografia antiga / Crédito: Divulgação / Google Discovery

O jogador fez um apelo para que seus colegas esportistas se unissem à causa. Além disso, ele doou suas medalhas e troféus para ajudar a financiar a luta armada, que, no entanto, acabou em derrota após quase três meses de confronto.

Após a guerra, Friedenreich jogou por mais três anos e, após esse período, passou a trabalhar em uma companhia de bebidas. Ele viveu em uma casa cedida pelo São Paulo Futebol Clube até seu falecimento em 6 de setembro de 1969.

Arthur Friedenreich é lembrado como um dos maiores jogadores de sua época e estima-se que tenha marcado 1.329 gols durante sua carreira, embora as estatísticas não fossem meticulosamente registradas naquela época. Sua contribuição para o futebol brasileiro é inegável, e seu legado continua a inspirar gerações de jogadores.