Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Holocausto

Canção composta por prisioneiro de Auschwitz é tocada pela primeira vez

Intitulada 'Futile Regrets', música foi descoberta em 2015 em Auschwitz, um dos mais famosos campos de concentração e extermínio durante o Holocausto

Éric Moreira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 05/12/2023, às 09h07

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Antiga composição feita por prisioneiro de Auschwitz - Divulgação/Leo Geyer
Antiga composição feita por prisioneiro de Auschwitz - Divulgação/Leo Geyer

Em 2015, o maestro britânico Leo Geyer realizou um achado impressionante: em Auschwitz, antigo campo de concentração durante o Holocausto, foram encontradas 210 peças musicais até então desconhecidas, compostas por um prisioneiro deste local que serviu de palco para as atrocidades da Alemanha Nazista. Mas só agora, em 2023, uma das composições foi finalmente tocada pela primeira vez, em uma sala de concertos em Londres, na Inglaterra.

A apresentação, conforme repercutido pela Revista Galileu, aconteceu no dia 27 de novembro na sala Lilian Baylis Studio, no Teatro Sadler's Wells, segundo a organização Religion Media Centre. A apresentação contou com uma canção, 'Futile Regrets' ("arrependimentos fúteis"), bem como outras três da coletânea — vale mencionar que, quando achadas no antigo campo de concentração, as obras estavam incompletas e precisaram ser restauradas por Geyer.

Quando olhei pela primeira vez, vi peças incompletas, muitas com bordas queimadas", relatou o maestro ao The Washington Post. "O que chamou minha atenção foi um manuscrito desbotado com um esboço para uma composição, mas estava incompleto e não assinado."

O manuscrito em questão era 'Futile Regrets', que também chamou a atenção de Geyer pois a caligrafia utilizada era bastante parecida com a dele próprio. "Senti que era meu dever terminar o esboço e fazer com que essa voz perdida fosse ouvida", diz o britânico.

Outro detalhe que vale mencionar sobre os manuscritos é que, além de a grande maioria estar incompleta, muitas vezes eram utilizadas uma "mistura de instrumentos aleatórios disponíveis" para serem tocadas pelos prisioneiros de Auschwitz, o que incluía até alguns não usuais em orquestras, como acordeões, saxofones e bandolins. "Portanto, grande parte dessa música teria soado muito estranha", acrescenta o músico.

Por fim, os manuscritos e composições recuperados e restaurados foram organizados em seções, resultando na obra 'As Orquestras de Auschwitz', apresentada em Londres.

Campo de concentração de Auschwitz / Crédito: Getty Images

As músicas de Auschwitz

Ainda de acordo com a Revista Galileu, o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, teve várias orquestras enquanto funcionava. Segundo Leo Geyer, canções de marcha eram sempre tocadas quando prisioneiros partiam para trabalhar nas fábricas e campos, bem como quando eles voltavam — muitas vezes, inclusive, carregando os mortos.

No caso, a maioria das canções eram apenas melodias de marcha alemãs bastante animadas, que serviam principalmente para entreter os soldados do Terceiro Reich. "A certa altura, havia até seis orquestras em Auschwitz e todas elas foram muito sancionadas pelas SS [Schutzstaffel, organização paramilitar de Hitler] e, em alguns casos, encomendadas pelas SS", afirmou o maestro em entrevista à CNN.

Ainda assim, as músicas também serviam como uma válvula de escape para os prisioneiros, que começaram a fazer criptogramas musicais com mensagens proibidas como canções. Até mesmo o hino nacional da Polônia foi transformado em música de marcha.

+ Wladyslaw Szpilman, a saga do judeu durante a Segunda Guerra que inspirou O Pianista

Muitas pessoas ficaram extremamente gratas pela música que ouviram, pois lhes deu uma sensação de normalidade em um lugar de outra forma inimaginável — uma fresta de luz do dia na escuridão", finaliza Leo Geyer.