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Notícias / Ciência

Na Inglaterra, 'cápsula do tempo' pré-histórica fornece registro sobre antigos animais e plantas

Achado feito no Parque Nacional Exmoor, na Inglaterra, é um retrato "importante" das criaturas e plantas que viveram na região no passado

Éric Moreira Publicado em 12/02/2024, às 09h03 - Atualizado em 14/02/2024, às 16h53

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Arqueólogo segurando pedaço de salgueiro descoberto na Inglaterra - Divulgação/National Trust/Steve Haywood
Arqueólogo segurando pedaço de salgueiro descoberto na Inglaterra - Divulgação/National Trust/Steve Haywood

Escavações recentes nas antigas turfas — material de origem vegetal e parcialmente decomposto — do Parque Nacional Exmoor, localizado na Inglaterra, revelaram uma espécie de "cápsula do tempo" pré-histórica que nos fornece um retrato dos animais e plantas que viveram na região no passado.

O projeto é conduzido pelo National Trust, a organização responsável pelo parque, em colaboração com autoridades do parque nacional South West Water e Exmoor.

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As buscas no local são parte do Projeto South West Peatland, em que objetivo é restaurar as turfas danificadas. Para isso, é pretendido manter a água nas turfas, de forma que a terra absorva mais carbono e, assim, aumente as chances de sobrevivência às mudanças climáticas da tal "cápsula do tempo". 

A descoberta, por sua vez, ocorreu em meio à restauração de turfas e em Helnicote Estate, na região de West Somerset. No local, havia um antigo bosque soterrado, que abrigava restos de plantas da família dos juncos, salgueiros e árvores do tipo amieiro. Um pedaço de salgueiro encontrado, vale mencionar, é datado ainda do início do período Neolítico, de cerca de 3.940 a.C. a 3.650 a.C.

Ao mesmo tempo, também foram descritos vestígios de besouros, ácaros de musgo e insetos que viveram há cerca de 5 mil anos, e possíveis de serem encontrados até hoje em zonas úmidas saudáveis, segundo a Revista Galileu.

A razão para tamanha preservação no local se deve ao fato de as turfas conterem pouco oxigênio em seu interior, de forma que madeiras e outros materiais orgânicos sofrem menos decomposição e, por isso, podem ser mantidos preservados por milhares de anos.

A parte mais incrível [da descoberta] é o quanto tudo está bem preservado e que agora sabemos onde havia árvores em ambientes que não as têm mais", afirma ao The Guardian um guarda florestal do National Trust, Basil Stow.

"O fato de termos encontrado espécies de árvores em condições tão boas é especialmente importante porque isso nos ajudará a descobrir como os habitats de turfas se formaram em primeiro lugar, milhares de anos atrás", complementa.

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Restabelecimento da paisagem

Ainda segundo Stow, é essencial compreender o passado para que se possa estabelecer um futuro melhor para o meio-ambiente: "Podemos começar esses processos de novo para capturar mais carbono e restabelecer a paisagem", afirma.

Não estamos tentando recriar a paisagem da Idade do Bronze, e sim usar o conhecimento que obtivemos sobre processos naturais que formaram esses habitats para informar como podemos cuidar da área no futuro."

Agora, processos para replantar um novo salgueiro no local, bem como os amieiros, já tiveram início. Entre as técnicas de restauração do ambiente adotadas, estão a desaceleração do escoamento e a criação de um lençol freático estável, para manter as turfas molhadas constantemente, de maneira a reduzir as emissões de carbono e também proteger restos arqueológicos.