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Notícias / Arqueologia

Casas de 7 mil anos pertenceram a primeiros escultores da Europa

Datadas do Neolítico Médio, as construções eram fortemente protegidas; porém, foram devastadas em incêndio

Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 23/02/2023, às 08h42

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Planta e fotografia aérea de antiga casa do Neolítico - Divulgação/V.Ard e A. Laurent
Planta e fotografia aérea de antiga casa do Neolítico - Divulgação/V.Ard e A. Laurent

Em 2011, o recinto arqueológico Le Peu foi encontrado na França, durante uma pesquisa aérea, e desde então ele tem sido objeto de profundas investigações, além de revelar muito sobre a população do Neolítico, de quando data. Sabe-se hoje que, no local, viveram os primeiros escultores da Europa, que erguiam monumentos impressionantes.

Conforme informado pela Revista Galileu, o Neolítico era fortemente caracterizado pela construção de monumentos megalíticos, especialmente no centro-oeste francês, como túmulos dedicados aos mortos.

"Sabe-se há muito tempo que os megálitos europeus mais antigos apareceram na costa atlântica, mas os habitats de seus construtores permaneceram desconhecidos", conta Vincent Ard, pesquisador do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica e um dos autores do estudo, divulgado na última terça-feira, 21, na Antiquity.

O recinto Le Peu, por sua vez, é definido por uma vala com duas entradas de "garra de caranguejo", como descrevem os pesquisadores no estudo. Lá, ainda existiu uma paliçada — uma espécie de cerca feita com estacas de madeira — que circundava vários edifícios de madeira.

Ao todo, pelo menos três casas foram encontradas, perto do topo de uma pequena colina cercada pela paliçada. E, uma vez em cima desse monte, o cemitério megalítico de Tusson, nas proximidades, seria visível.

Representação de como seria casa de recinto Le Peu, onde também é possível observar paliçadas em torno
Representação de como seria casa de recinto Le Peu, onde também é possível observar paliçadas em torno / Crédito: Divulgação/Archeovision Production 2018

Monumentos e defesa

A partir de análises de datação por radiocarbono, foi descoberto que os monumentos no cemitério eram contemporâneos ao sítio de Le Peu. Com essa informação, também puderam afirmar que, embora as construções servissem como uma homenagem aos mortos, a população do Neolítico não poupava seus esforços em proteger os vivos.

A partir de análise do solo antigo recuperado, os arqueólogos determinaram que, além das paliçadas que circundavam o terreno, servindo como proteção, a localização de Le Peu era relevante: encontrado na parte mais alta de um pântano, ele ficava ainda mais protegido. Além disso, também possuía defesas extras e pesadas, que aparentemente foram adotadas posteriormente, com outras estruturas monumentais.

Representação em 3D de como seria o recinto Le Peu
Representação em 3D de como seria o recinto Le Peu / Crédito: Divulgação/Archeovision Production 2018

O local revela a existência de arquiteturas monumentais únicas, provavelmente defensivas. Isso demonstra um aumento das tensões sociais neolíticas", conta Vincent Ard.

No entanto, como indica o estudo, mesmo com todas as estruturas de defesa adotadas, elas não foram suficientes: por volta do ano 4.400 a.C., os edifícios do local foram todos incendiados.

Com isso, o que se sabe sobre povos do Neolítico pode mudar conforme mais descobertas surgem, pois uma sociedade que antes era reconhecida principalmente pelos monumentos aos mortos pode ter sido marcada, na verdade, por grandes tensões sociais entre seus membros.

Le Peu agora constitui um local de referência para explorar o surgimento das primeiras estruturas monumentais na Europa atlântica e as comunidades que as construíram", finalizam os pesquisadores no estudo.