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Notícias / Neandertal

Criança neandertal com síndrome de Down pode ser prova de compaixão da espécie

Embora fóssil tenha sido descoberto em 1989, apenas exames recentes apontaram a condição — que evidencia comportamento neandertal há muito debatido; entenda!

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 27/06/2024, às 12h15

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Representação de uma criança Neandertal exposta no The Natural History Museum Vienna - Foto por Jakub Hałun via Wikimedia Commons
Representação de uma criança Neandertal exposta no The Natural History Museum Vienna - Foto por Jakub Hałun via Wikimedia Commons

Em 1989, arqueólogos encontraram um fóssil de uma criança neandertal no sítio arqueológico de Cova Negra, na província espanhola de Valência. Entretanto, foi somente através de exames recentes que os pesquisadores descobriram que a criança era portadora da Síndrome de Down

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Além do mais, a pesquisa revela que a criança neandertal sobreviveu pelo menos até os seis anos de idade e foi cuidada compassivamente por seus semelhantes. Os detalhes foram explicados em estudo publicado na revista Science Advances

Através do estudo, os especialistas encontraram traços na anatomia do ouvido interno que indicavam a síndrome de Down — transformando o fóssil na evidência mais antiga conhecida da condição genética.

Conforme repercute o The Guardian, o que comprova a condição da criança neandertal é o fragmento de um dos dois ossos temporais, o direito — que ajudam a formar as laterais e a base do crânio, protegendo o cérebro e circundando o canal auditivo.

Apesar de são ser possível garantir se a criança neandertal era menino ou menina, os estudiosos a apelidaram de 'Tina'. 

Compaixão entre semelhantes

Segundo explicado no estudo, a combinação de anomalias do ouvido interno de Tina é conhecida apenas em pessoas com síndrome de Down.

"A patologia que este indivíduo sofreu resultou em sintomas altamente incapacitantes, incluindo, no mínimo, surdez completa, graves ataques de vertigem e incapacidade de manter o equilíbrio", disse Mercedes Conde-Valverde, paleoantropóloga da Universidade de Alcalá, em Espanha, e principal autora do estudo, conforme o Guardian.

Dados estes sintomas, é altamente improvável que a mãe sozinha pudesse ter prestado todos os cuidados necessários e, ao mesmo tempo, atender às suas próprias necessidades. Portanto, para que Tina tenha sobrevivido pelo menos seis anos, o grupo deve ter auxiliado continuamente a mãe, seja aliviando-a no cuidado do filho, ajudando nas tarefas diárias, ou ambos", acrescentou.

A idade precisa do fóssil não foi determinada, mas baseado no que se sabe sobre a presença de Neandertais no sítio da Cova Negra, estima-se que a criança viveu entre 273 mil e 146 mil anos atrás.

Antes da revelação, muito se debatia se os Neandertais cuidavam de seus semelhantes doentes por esperarem um comportamento recíproco ou se era um ato de compaixão genuína.

"Durante décadas, sabe-se que os Neandertais cuidavam e olhavam seus companheiros vulneráveis", disse Conde-Valverde. "No entanto, todos os casos conhecidos de cuidados envolveram indivíduos adultos, levando alguns cientistas a acreditar que este comportamento não era altruísmo genuíno, mas apenas uma troca de assistência entre iguais".

O que até agora não se sabia era o caso de um indivíduo que recebeu cuidados extramaternais desde o nascimento, embora não pudesse retribuir. A descoberta do fóssil da Cova Negra apoia a existência de um verdadeiro altruísmo entre os Neandertais", conclui.