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Matérias / Chico Xavier

O livro que fez o médium Chico Xavier parar nos tribunais

Autor de cerca de 450 livros, todos psicografados, o médium Chico Xavier foi levado aos tribunais nos anos 1940 por esposa de poeta morto

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 29/06/2024, às 11h00

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O médium Chico Xavier - Divulgação/ Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
O médium Chico Xavier - Divulgação/ Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, é um dos maiores expoentes do Espiritismo; conhecido por seu legado altruísta e de amor ao próximo. O médium se tornou uma das figuras mais admiradas do país, considerado, em 2012, 'O Maior Brasileiro de Todos os Tempos' em concurso realizado pela BBC em parceria com o SBT. 

+ Há 114 anos, nascia Chico Xavier, um dos maiores expoentes do Espiritismo

Em vida, Chico Xavier psicografou mais de 10 mil cartas e 450 livros, dos quais ele sempre atribuiu a autoria de espíritos — sendo André Luiz, autor de 'Nosso Lar', o principal deles. Com as obras, Chicovendeu mais de 50 milhões de exemplares, e o dinheiro que foi revertido para instituições de caridade. 

O médium Chico Xavier/ Crédito: Divulgação/Video/YouTube

Apesar de sua história de solidariedade, Chico Xavier acabou sendo levado aos tribunais em meados dos anos 1940. A história foi abordada no livro "A Psicografia Ante os Tribunais", de Miguel Timponi.

Chico no tribunal

Como já tido, todas as obras escritas por Chico Xavier foram psicografadas de espíritos. Em 1938, o médium brasileiro publicou o livro 'Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho', que foi atribuído a Humberto de Campos

Jornalista, político e escritor, Humberto de Campos, em vida, ficou conhecido por suas crônicas, contos, ensaios e críticas literárias, tanto é que, em 1919, acabou eleito para Academia Brasileira de Letras

Após uma série de enfermidades, Campos faleceu precocemente em 5 de dezembro de 1934, quando tinha 48 anos. Pouco tempo depois, Chico passou a psicografá-lo, mas sua viúva, Catarina de Campos, não aceitou muito bem a ideia. 

Conforme recorda matéria publicada pelo UOL, além do já citado 'Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho', Catarinaentrou na Justiça exigindo os direitos autorais também de outra obra de seu marido, 'Crônicas de Além-Túmulo'; psicografada por Chico em 1937. 

Na ação, Catarina de Campos exigia que a Justiça determinasse se os livros eram ou não de autoria de Humberto. Caso fosse, queria ter acesso aos direitos autorais das obras escritas pelo falecido marido. 

Humberto de Campos - Arquivo Nacional

O caso foi julgado em 1944, pela 8ª Vara Cível do antigo Distrito Federal, pelo juiz João Frederico Mourão Russel, que determinou contra o pedido da Catarina. Ele apontou que Humberto de Campos não poderia ter adquirido direitos depois da morte, portanto, não poderiam ser repassados para seus herdeiros. 

Apesar de recorrer da decisão, recorda o UOL, o Tribunal de Apelação do Distrito Federal manteve a decisão original e os direitos arrecadados com as vendas permaneceram com a Federação Espírita Brasileira (FEB).

As obras continuam

Após toda a polêmica, Chico prosseguiu psicografando obras atribuídas a Humberto de Campos, no entanto, os escritos passaram a ser assinados com o pseudônimo de 'Irmão X'

A disputa, inclusive, interferiu na decisão de assinar os livros atribuídos ao espírito André Luiz; que muitos acreditam se tratar do médico sanitarista Carlos Chagas, que faleceu em novembro de 1934, aos 55 anos, vítima de um infarto.