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Notícias / Revolução Industrial

Crianças forçadas a trabalhar na Revolução Industrial tiveram complicações de saúde

Crianças transferidas de asilos para atuar em fábricas sofreram com crescimento atrofiado, desnutrição e uma série de outras doenças, aponta estudo

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 18/05/2023, às 12h46

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Crianças trabalhando numa mina de carvão, 1911 - Domínio público
Crianças trabalhando numa mina de carvão, 1911 - Domínio público

Durante a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra entre os séculos 18 e 19, crianças foram transferidas de asilos em Londres e forçadas a trabalhar por diversas horas em fábricas no norte do país. 

Embora o uso dos chamados "aprendizes pobres" como fonte de mão de obra barata esteja bem documentada, um recente estudo publicado na revista Plos One relatou evidências diretas de suas lutas — algo que, até então, era extremamente raro de ser encontrado. 

Para isso, uma equipe de especialistas analisou os restos mortais de mais de 150 indivíduos enterrados em um cemitério rural no vilarejo de Fewston, North Yorkshire. Grande parte dos restos mortais são de pessoas que morreram entre os oito e 20 anos de idade

Restos mortais encontrados/ Crédito: Durham University

Os resultados da pesquisa mostram evidências de crescimento atrofiado e desnutrição nestas crianças, assim como sinais de doenças associadas ao trabalho perigoso, reporta o Daily Mail. Com isso, os estudiosos esperam lançar uma luz sobre a história esquecida desses jovens. 

Esta é a primeira evidência bioarqueológica de aprendizes pobres no passado e destaca inequivocamente o preço cobrado em seus corpos em desenvolvimento", aponta Rebecca Gowland, professora do Departamento de Arqueologia da Universidade de Durham e principal autora do estudo. 

"Ver evidências diretas, escritas nos ossos, das dificuldades que essas crianças enfrentaram foi muito comovente", prosseguiu. "Era importante para os cientistas e para a comunidade local que essas descobertas pudessem fornecer um testemunho de suas curtas vidas."

Problemas associados ao trabalho

Para o estudo, os especialistas realizaram análises químicas dos restos dos dentes encontrados no cemitério, o que proporcionou identificar o gênero biológico das vítimas, assim como o fato delas não serem residentes daquela região — sendo oriundas, provavelmente, da capital, a cidade de Londres. 

Dentes analisados/ Crédito: Durham University

O exame dos ossos e dentes também destacou as condições que afetaram as vítimas, o que inclui tuberculose, doenças respiratórias, raquitismo e atraso em seu processo de crescimento.

Fizemos análises químicas dos ossos para estudar a dieta e descobrimos que os aprendizes tinham falta de proteína animal na dieta em comparação com os locais, mais no mesmo nível das vítimas da 'Grande Fome Irlandesa'", explicou a professora Michelle Alexander, do Departamento de Arqueologia da Universidade de York, autora sênior do estudo.