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Notícias / Paleontologia

Cupins em ritual de acasalamento são descobertos em âmbar de 38 milhões de anos

O par de cupins foi encontrado em uma mina russa, e revela que comportamento de acasalamento destes animais não mudou em dezenas de milhões de anos

Éric Moreira Publicado em 12/03/2024, às 09h11

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Âmbar contendo par de cupins de 38 milhões de anos preso - Divulgação/Academia Tcheca de Ciências/OIST
Âmbar contendo par de cupins de 38 milhões de anos preso - Divulgação/Academia Tcheca de Ciências/OIST

Um estudo publicado recentemente na revista PNAS descreve um raro pedaço de âmbar encontrado em uma mina na Rússia em que, em seu interior, foram preservados dois cupins que realizavam um comportamento padrão de acasalamento. O mais impressionante da descoberta, porém, é que tal comportamento não mudou até hoje, 38 milhões de anos depois.

O âmbar — uma resina fossilizada de árvore — contém o par mais antigo e único descrito de cupins da espécie Electrotermes affinis. O coautor do estudo, Aleš Buček, chefe do Laboratório de Simbiose de Insetos da Academia Checa de Ciências, viu o objeto em uma loja online de fósseis, e reconheceu imediatamente o que ele significava, segundo comunicado pelo Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão.

Fósseis de cupins são muito comuns, mas esta peça era única porque contém um par", afirma Buček no comunicado. "Já vi centenas de fósseis com cupins encerrados, mas nunca um par."

Para identificar os insetos como macho e fêmea, como bolhas no âmbar dificultavam a identificação no abdômen dos animais, a equipe precisou utilizar de uma técnica de imagem 3D, chamada de microtomografia de raios-x.

Os cupins em questão, porém, curiosamente estavam preservados lado a lado, e a boca da fêmea tocava a ponta do abdômen do macho. Esse tipo de contato faz parte do comportamento de acasalamento comum dos cupins vivos até hoje, onde o par permanece junto até que encontrem um local para nidificar; porém, geralmente eles fazem isso em linha reta, ao contrário do que ocorre nesse caso.

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Imagem aproximada dos cupins fossilizados em âmbar / Crédito: Divulgação/Academia Tcheca de Ciências/OIST

Posição inusitada

Então, para testar se a posição em que os animais foram encontrados se deve a alguma variação comportamental ou então ao processo de eles se prenderem ao âmbar, a equipe de pesquisadores tentou recriar os momentos finais do par em laboratório, com cupins vivos.

Então, os pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa capturaram pares de cupins subterrâneos Formosanos (Coptotermes formosanus) — uma espécie invasora no Japão — e os fizeram caminhar sobre armadilhas pegajosas. Nos testes, o líder ficou preso primeiro, e o seguidor seguiu caminhando, o que levou à eventual mudança na posição e, em alguns casos, ficaram lado a lado da mesma forma como os cupins fossilizados.

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"Se um par encontra um predador, eles geralmente escapam, mas acho que em uma superfície pegajosa eles não percebem o perigo e ficam presos", pontua, por fim, Nobuaki Mizumoto, professor assistente de entomologia e fitopatologia na Universidade de Auburn, no Alabama, e principal autor do estudo.