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Notícias / Arqueologia

Lagarto e insetos necrófagos são preservados em âmbar de 99 milhões de anos

Réptil extinto do Cretáceo apresenta pouco mais de 5 cm, e carrega consigo mais de 130 animais e plantas

Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 02/03/2023, às 08h21

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Representação virtual do lagarto extinto conservado em âmbar - Reprodução/Mónica M. Solórzano‑Kraemer et.al
Representação virtual do lagarto extinto conservado em âmbar - Reprodução/Mónica M. Solórzano‑Kraemer et.al

Recentemente, uma equipe de cientistas iniciou um estudo onde observam e analisam pedaços de âmbar do Cretáceo com um padrão bem específico: contendo, em seu interior, lagartos cercados por insetos comedores de carniça. Entre as peças, uma das que mais chamou atenção foi do réptil da espécie Oculudentavis naga, que hoje está extinto, mas nesse exemplar se encontra conservado junto a mais de 130 animais e plantas, dentro de 13 camadas de resina.

Publicada no último dia 18 de fevereiro na Scientific Reports, a pesquisa foi desenvolvida por uma equipe internacional, liderada por Mónica Solórzano Kraemer, do Instituto de Pesquisa Senckenberg e do Museu de História Natural de Frankfurt, na Alemanha. As informações foram repercutidas pela Revista Galileu.

O que a pesquisadora conta haver de especial no exemplar de âmbar é o fato de que o lagarto possui uma área aberta em seu pescoço, como uma "janela", onde provavelmente não foi coberto pela resina a princípio, o que permitiu o avanço da decomposição naquela área. 

Em comunicado, acrescenta: "Isso presumivelmente permitiu que o odor de decomposição se espalhasse, atraindo várias moscas necrófagas e predadoras em grande número, que por sua vez aderiram à resina e foram preservadas". E essa seria a explicação para como aquela peça de âmbar pudesse abrigar tantos espécimes em seu interior.

Fotografia de âmbar com corpo preservado de lagarto e insetos necrófagos em seu interior
Fotografia de âmbar com corpo preservado de lagarto e insetos necrófagos em seu interior / Crédito: Reprodução/Mónica M. Solórzano‑Kraemer et.al

Dessa forma, o âmbar capturou diferentes momentos da decomposição daquele lagarto, ao longo de 99 milhões de anos. "Estudamos três espécimes excepcionais de âmbar de Mianmar, cada um contendo um lagarto envolto na mesma camada de resina fossilizada junto com uma variedade de insetos carniceiros", relata, ainda, Mónica Kraemer.

Ela ainda explica como a peça de âmbar é um exemplar raro por conter um lagarto, pois "os répteis muitas vezes eram capazes de se desvencilhar novamente da resina pegajosa devido ao tamanho de seu corpo". "Muitas vezes, criaturas que parecem que foram preservadas juntas em âmbar estão, na verdade, localizadas em camadas adjacentes separadas — a proximidade espacial sugere uma relação biológica que pode não ter existido realmente", acrescenta.

Sem formigas

Além da carcaça do lagarto Oculudentavis naga, pesquisadores também apontam para o grande número de moscas encontradas, das famílias Phoridae e Empidoidea. Porém, um fator que chamou atenção foi a ausência de formigas na carcaça. Isso pode ser explicado pelo fato de que, na época, animais desse tipo não desempenhavam o papel de "polícia sanitária da floresta."

Hoje, as formigas desempenham um papel fundamental na remoção de carniça em florestas tropicais — simplesmente por causa de sua massa. A biomassa global de todas as formigas excede a de mamíferos ou aves", acrescenta a pesquisadora.

Porém, em registros em âmbar muito antigos, as formigas são um pouco raras nesses fósseis, explica a pesquisadora. "O fato de estarem completamente ausentes dos âmbares que estudamos sugere que rastrear e decompor carniça ainda não fazia parte de suas estratégias de alimentação naquela época", aponta.