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Notícias / Faixa de Gaza

Dezenas de palestinos são mortos por soldados israelenses durante ajuda humanitária

Autoridades palestinas e israelenses deram duas versões conflitantes sobre o ocorrido desta quinta-feira, 29, que deixou ao menos 112 mortos

Redação Publicado em 29/02/2024, às 19h59

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Palestinos na Faixa de Gaza - Getty Images
Palestinos na Faixa de Gaza - Getty Images

Na madrugada desta quinta-feira, 29, autoridades palestinas acusaram Israel de disparar contra e matar dezenas de pessoas durante uma tumultuada distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde do enclave, o incidente resultou em ao menos 112 mortos e 760 feridos.

Israel e as autoridades palestinas deram versões diferentes sobre as circunstâncias das mortes na cidade de Gaza. Testemunhas e sobreviventes relataram que disparos atingiram a multidão e os caminhões de ajuda. Mohammed Salha, diretor interino do hospital al-Awda, que tratou 161 pessoas, disse ao jornal britânico The Guardian que a maioria parece ter sido alvejada.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), órgão que comanda a região ocupada da Cisjordânia, descreveu o ocorrido como “massacre horrível conduzido pela ocupação israelense contra pessoas que esperavam caminhões de ajuda”, conforme repercutido pelo jornal O Globo. 

Já o Egito classificou o evento como “um ataque desumano israelense” e ressaltou havia “civis palestinos desarmados”. “Nós consideramos atacar cidadãos pacíficos que correm para pegar parte da ajuda um crime vergonhoso e uma flagrante violação do direito internacional”, afirmou o país em um comunicado.

Respostas

Em nota, as Forças Armadas de Israel declararam que as mortes resultaram de uma 'confusão' durante a distribuição da ajuda, e que os soldados apenas dispararam para o ar e contra as pernas de um grupo de moradores locais que se afastou do comboio humanitário e se aproximou de uma unidade militar israelense. 

Horas depois, o porta-voz das Forças Armadas, Daniel Hagari, afirmou em coletiva que apenas tiros de advertência foram disparados para dispersar a multidão e ressaltou que os aviões que sobrevoavam a área não realizaram ataques aéreos.

Ainda neste mesmo comunicado, o Exército israelense alegou que, quando o comboio chegou ao local, “residentes cercaram os caminhões para saquear os suprimentos que eram entregues. Como resultado do empurra-empurra, pisoteamento e atropelamento pelos veículos, dezenas de palestinos foram mortos e feridos”, disse Hagari.

Segundo o porta-voz, os caminhões continuaram sua rota em direção ao norte da Faixa de Gaza e, ao alcançarem o bairro de Rimal, surgiram relatos de que indivíduos armados dispararam contra os veículos e os saquearam.

Assim, afirma o Exército de Israel, algumas pessoas na multidão começaram a se aproximar de uma unidade das Forças Armadas de Israel, levando os soldados a efetuarem disparos de alerta para o ar antes de disparar nas pernas daqueles que persistiam em se aproximar.

É importante ressaltar que, antes da divulgação do comunicado do Exército, uma fonte israelense afirmou à Reuters que as tropas de Israel alvejaram “várias pessoas” que cercaram o comboio porque se sentiram ameaçadas.

Posteriormente, as Forças Armadas de Israel divulgaram uma gravação que mostra o momento em que uma multidão cerca o comboio, confira:

Outras testemunhas relataram à AFP que inúmeros civis desarmados correram em direção aos caminhões de ajuda humanitária que se aproximavam, chegando “muito perto de alguns tanques do Exército israelense que estavam na área”, e que naquele momento, “os soldados dispararam contra a multidão”.

Crise humanitária

Kamel Abu Nahel relatou à Associated Press que foi ao ponto de distribuição de ajuda no meio da noite na esperança de conseguir alimentos após passar dois meses consumindo ração animal. Ele descreveu que, após a chegada dos caminhões, uma multidão se formou e, em resposta, os soldados israelenses abriram fogo.

Após uma pausa nos disparos, as pessoas retornaram, mas os soldados voltaram a atirar. Abu Nahel foi então atingido na perna e atropelado por um caminhão que se afastava em alta velocidade.

O relato destaca a gravidade da crise humanitária em Gaza, após quase cinco meses de conflito entre Israel e o Hamas. Segundo as Nações Unidas, 2,2 milhões de pessoas, quase toda a população do território, passam fome.

Ainda nesta quinta-feira, 29, os Estados Unidos exigiram “respostas” de Israel sobre o episódio e expressaram preocupação com a situação “incrivelmente desesperadora” em Gaza. 

Apenas com as imagens aéreas, pode-se olhar e concluir que a situação é incrivelmente desesperadora. As pessoas estão cercando esses caminhões porque estão famintas, porque precisam de comida, porque precisam de remédios e outras assistências. E isso mostra que precisamos fazer mais para levar ajuda humanitária.”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller